domingo, 29 de janeiro de 2012

A mulher de preto

Continuo minha saga chamada corrida. Eu chego lá. Outro dia vi um post bacana no blog do Run Keeper, meu programinha companheiro de todas as madrugadas/manhãs (exceto segunda-feira, que é dia de descanso; dia também em que o Parque da Luz fecha). O sujeito contou como estava gordo e largado e tal. Trabalhava, sim, e ganhava um bom dinheiro. Aí, o pai, doente, quase partindo, pediu para ele parar de fumar e fazer algo porque, do jeito que estava, o filho não duraria muito. O pai morreu, ele ficou um tempo deprimido. Mas aí largou o cigarro e começou a pedalar. Foi dureza, mas ele foi mais duro ainda. Essa frase acompanha todo seu depoimento. It was hard, but I was harder. Achei ótima a frase. Mais ou menos como eu me sentia – e calculo que tantas outras pessoas. Resumindo, o cara hoje corre muito e disputa maratonas.

Tenho minha meta – aquela, de correr a São Silvestre 2012. Estou só no início do meu trajeto, que digo que começou em 17 de dezembro. Na verdade, não tenho uma data precisa porque eu nem prestei muita atenção nisso. E, como já escrevi aqui, eu coloquei o projeto em pé bem de mansinho. Caminhadas leves e, aos poucos, crescendo o ritmo.

Nesse tempo considero que melhorei bem. Até me surpreendo um pouco. Eu devo ter o tipo físico próprio para alguns esportes. Não tenho força nos braços, por exemplo. Não seria boa para puxar pesos. E meu corpo ficaria ridículo se eu puxasse pesos. Não sou velocista. Pernas curtas não ajudam nesse caso. Vôlei? Sou boa para levantar e passar, mas não tenho muito impulso para dar cortadas na altura necessária (eu teria de compensar minha baixa altura com saltos dignos da seleção cubana). Futebol, sim. Sou boa para isso. E, pensando no que tenho feito, também devo ser boa para corrida em que a resistência é o mais importante.

Hoje não tenho essa resistência para encarar uma minimaratona (as novas regras do português me atrapalham... não sei se devo escrever mini maratona ou minimaratona). Mas tenho potencial. Sempre tive boa resistência. Essas pernas que tenho são herança inca. Longínqua, claro. Porém meus ancestrais viveram na Bolívia, nos Andes. Tiveram de camelar, subir, descer, vencer lonjuras. Então, acredito naquilo que coloquei lá em cima: eu chego lá.

It was hard, but I was harder. "Atlante" - Pinacoteca.

Personagens
Uma das coisas que curto nessa minha rotina ativa é encontrar pessoas. Como minha cabeça funciona como a do Bobby (do desenho “O fantástico mundo de Bobby”), vou construindo minhas histórias. Se um dia essas pessoas souberem o penso, talvez elas fiquem bravas ou talvez gostem e riam. Torço pela segunda opção.

Pra quem não conhece, este é o fantástico mundo de Bobby (o garotinho cheio de imaginação)

Ontem, depois da minha corrida da manhãzinha (quase 10 km), voltei para casa esperando minha irmã Tati chegar. Ela e a Laura iriam conhecer meu “circuito” para se animarem a criar uma rotina de caminhadas no final de semana. Lá fui eu ao Parque da Luz com as duas e mais uma bolsa com as raquetes de badminton da Laura (ela nos mostraria como jogar).

Enquanto fazia o trajeto do Bosque da Subidinha – ou a mata com cheiro de beck (eu acho que tem cheiro disso, como se alguém tivesse largado fumo ali) -, eis que surge o coreano do colete azul. Entre sussurros expliquei para as duas que esse homem eu encontro sempre que vou mais tarde (entre 10h e 11h). E sempre no sentido contrário ao meu. Passamos por ele no trecho entre as duas árvores traiçoeiras. Elas “jogam” coquinhos e formam um caminho deslizante que já derrubou um homem na minha frente (o sujeito “patinou” nos coquinhos).

Tive prazer em explicar o circuito exatamente como o imagino. Mostrei-lhes a Floresta Úmida, a terra dos sapos. Minha irmã reclamou da lama. Eu disse que até estava fichinha naquela manhã. Que ela devia ter visto o dia em que fui atacada pelo sapo assassino, o que não gosta de luz (história contada em post mais antigo). A Tati falou que aquela parte a fazia pensar em árvores que andam e assustam gente. Tipo os Ents de “O Senhor dos Anéis”. Esclareci, para tranquilizar as duas, que os sapos só aparecem enquanto não houver sol. E que, de fato, fazia tempo que não os via mais. Devem ter feito uma convenção e concordado em não mais me assombrar porque, afinal, sou boa pessoa.

Hoje, nesta manhã de domingo, claro, não o encontrei. Estava mais cedo no parque. Prefiro chegar antes do horário de abertura ao público, que é às 9h (se não expliquei antes, esclareço agora: o portão principal abre às 5h30 somente para quem quer correr ou caminhar).

Entre os tipos que encontrei neste domingo estava a mulher de branco (sempre tem uma que se veste quase inteiramente de branco e que usa tênis imaculados). Parece que sonha em ser noiva. Desta vez, em vez da caminhada contemplativa que faz, ela estava mais para contemplativa contemplativa. Seus passos estavam meio confusos. Pode ser que ela tenha vivido uma noite triste e esteja colocando os pensamentos em ordem. Seu caminhar denunciava que algo não ia bem. Em vez de fazer “tsc, tsc” na mente por estar com tanto branco, passei calmamente por ela, tentando não perturbá-la. Respeito quem sofre. Quer dizer, não sei se ela estava realmente passando por alguma tristeza. Eu imaginei tudo.

A mulher de branco me faz pensar que ela quer ser noiva...

Uma surpresa foi cruzar o Popeye no meio do caminho. Popeye é o sujeito que vem de bicicleta e que a prende ao lado do portão principal. Está sempre de short, exibindo suas pernas de batatas grossas. Nos últimos dias, no entanto, ele deixou de correr sozinho. Está acompanhando de uma mulher que tem cara e jeito de corredora. Ela não tem cara de Olívia Palito. Mas está sempre correndo com ele. Então, virou Olívia. Só Olívia. Eles correm bem. Eu os invejo. Digo que foi surpresa porque não costumo vê-lo aos domingos.

Ontem, fui ultrapassada pelo segundo dia seguido pelo sujeito que apelidei de mini Black Power. Ele não é pequeno. É alto e magro. O que está pela metade é o Black Power. A cabeleira está bem cheia, mas ele não deixou crescer como um autêntico Black Power. Deu umas tosadas na juba. Por isso, virou mini Black Power. Ou BP, para encurtar. Esse também corre. Sempre que me ultrapassa, ele o faz com a maior facilidade. Parece que não gasta muita energia. O BP também vai para a área de malhação para exercitar os bíceps. Nessa hora vejo que não é o maioral do pedaço. Os outros frequentadores são mais fortes, como o negro de careca lustrosa. 


Por falar em bíceps, cometi, mais uma vez, uma cena ridícula. Tentei levantar uns pesos que esses caras, a turma dos pesos, usam. O equipamento é do gênero: um banquinho, uma haste comprida para você pegar nos extremos e a corda que puxa o peso. Eu nem tinha sentado. Tentei puxar o peso de pé mesmo. Deus do céu, fiz uma força danada e ergui apenas alguns centímetros. O careca lustroso não disfarçou o riso. Até a Laura foi melhor do que eu. Eu disse que não tenho força nos braços.

Área da malhação. Do lado esquerdo da foto ficam os fortões. Do outro lado, gente como eu

Ontem também apresentei para a Tati e a Laura os cães amarelos do parque. E apontei o Cão Amarelo, o primeiro deles, o manda-chuva. Ele, aliás, é o que mais dorme. Mas deve ser privilégio de chefe.
Não consegui mostrar para elas o bicho-preguiça que conheci outro dia. Ele estava perto do canteiro das flores. Próximo da área da malhação. Soube que há quatro no parque. Eu só vi aquele.

Tem mais algum personagem? Ah, sim. Tem o monopolizador. É um coreano que adora se exercitar no pêndulo (um dos equipamentos do parque; ele ajuda a trabalhar os músculos laterais da coxa). O exercício é legal. O que não é legal é o homem ficar meia hora sobre a máquina. Normalmente, durante a semana, no meu horário madrugador, eu tento fazer 40 minutos de corrida seguidos de 20 minutos nos equipamentos. O ideal seria dividir esse tempo entre o pêndulo, o esqui (parece transport) e o equipamento para trabalhar os braços, mais o alongamento. Mas invariavelmente o monopolizador chega antes de mim na área e toma um dos dois pêndulos que existem. Quando ele vai com a mulher, daí não tem como usar o equipamento. Ele é o sr. monopolizador. Ela é a sra. monopolizadora. Já tive pensamentos maus. Vontade de dar uma voadora na glote e dizer “dez minutos. Esse é o tempo máximo”.

Ninguém estipula tempos ali. Não tem cartaz dizendo isso. Considero, porém, que seria de bom tom se todos respeitassem esse tempo. Se todos ficassem dez minutos em cada equipamento. Quer fazer mais? Saia. Dê um tempo para que outro faça seu exercício e volte na sequência.

Agora que eu sou prefeita do parque (obrigada, Foursquare) pretendo dar uma melhorada lá. Vou escrever ao administrador: “por favor, tem como consertar um dos equipamentos que está parado – e que nem sei para que serve porque desde que estabeleci essa minha rotina nunca vi essa máquina arrumada? Outra coisa: troque a lâmpada queimada da reta em frente ao coreto. Correr às 5h45 naquele pedaço ficou complicado, já que não há luz nenhuma. E seria um imenso obséquio se o senhor, que é administrador do parque (eu sou apenas a prefeita pelo Foursquare), providenciasse umas placas recomendando não ultrapassar dez minutos nos equipamentos, salvo se não houver ninguém? E mais placas ensinando os rudimentos do alongamento.
Tenho certeza de que todos gostariam.
Assinado, a mulher de preto”.

Fiz uma pausa no finalzinho do trecho da Floresta Úmida. Estou de camiseta preta, embora não dê para ver bem; ah, sou a prefeita do Parque da Luz, segundo o Foursquare

Nem sempre estou de camiseta preta (calça ou bermuda preta é bem mais comum), mas hoje calhou de estar nessa cor. Fica como codinome e uma alternativa à mulher de branco. 

A primeira meta cumprida!

Ah, sim! Preciso comemorar. Ontem consegui atingir uma das metas que estabeleci para 2012. Verdade que eu achava que ela seria mesmo a primeira meta a ser cumprida. Mas tenho de comemorar do mesmo jeito. Consegui andar de bicicleta. Pronto! É o fim de uma história vergonhosa para mim. Desde a vez fatídica em que meu pai me levou para dar as primeiras pedaladas numa ladeira (episódio que rendeu traumáticos machucados), nunca mais tinha tentado andar de bike. No final do ano, junto com outras quatro metas, coloquei essa.

E que glória e risos. Eu ria andando. Ainda não ando aquelas maravilhas. De novo, sou ridícula. Mas agora consegui sair da inércia e dar movimento e me equilibrar e até ziguezaguear. Preciso praticar mais. Como só pedalo aos sábados, no próximo espero ter uma experiência bem melhor para compartilhar. 

É uma vitória bacana. Quem conhece minha história sabe que eu tinha uma relação com a bicicleta parecida com a do Calvin, o molequinho criado por Bill Waterson. Acho que estou ganhando dele. Ufa, eu tinha de ganhar de alguém nesse quesito!






quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

São Paulo é a minha cidade. Tem vezes que é bela. Tem vezes que não

Gostaria de homenagear minha cidade. Minha porque nasci aqui. E minha porque eu a amo e porque a escolheria sobre todas as outras do mundo. Muitos paulistanos a detestam (queriam algo mais bonito, com mar e mais verde). Muita gente que aqui vive a odeia (reclamam de tudo, do trânsito às pessoas, do alto custo a uma suposta frieza). Discordo de um bocado de coisas. Mas isso não quer dizer que eu esteja certa. Sou aquela que, amando, talvez não enxergue certos defeitos.

Estação da Luz

Ainda assim, por amar esta cidade e por conhecê-la (sim, eu a conheço de verdade; não limito meu mundo aos bairros bacanas), vejo nela promessas. E vejo necessidades urgentes. E vejo carências específicas e vejo a ausência da reflexão sobre o cotidiano, sobre o futuro da metrópole. Existe o sonho de outros tantos brasileiros de morar neste pedaço do País porque é rico e desenvolvido. Preocupa-me, no entanto, que não se pense no lixo (o que fazer com os grandes volumes? E por que raios é tão difícil que as pessoas joguem papeis, sacos, latas, garrafas e bitucas nos lugares apropriados?), na água (na falta e no excesso, caso das enchentes), nos desprotegidos (a infância nas ruas e os viciados em crack, por exemplo). A gente quer o bonito, o legal. Não quer o roto, puído, sujo e maltratado. São Paulo não pode ter só um lado. Nunca terá. Parece-me que muita gente não entendeu isso.

Pinacoteca - As três meninas, de Lasar Segall

Incomoda-me quando ouço alguém falar que São Paulo é feia. Perdão. Isso não está certo. A Serra da Cantareira é feia? O Masp é feio? Mesmo a avenida Paulista, ela é feia? Ah, cartões postais, dirão. Sim, claro. Puxei por aquilo que a maioria pode conhecer - se bem que a Serra da Cantareira... Imagino que poucos tenham se aventurado a caminhar por ali, a vaguear por suas trilhas e estradas.

Dois arco-íris no céu da zona norte

Não vejo nada de feio no Parque da Luz, por exemplo. Vai ter gente que reclamará: tem prostitutas velhas e gordas, sondadas por homens acabados, esquálidos ou com barrigas protuberantes. Feio? Não é isso. É triste ver que essas mulheres têm de viver assim, paradas em um canto, em silêncio, esperando que alguém se interesse pelo programa que podem oferecer. Mas são seres humanos. Gostaria um dia de conversar com elas, saber de suas vidas, trazer algum conforto ou solução. Não consigo chamá-las de feias. Feia é nossa mania de cruzar os braços e justificar nossa falta de sensibilidade com os excluídos usando o argumento "que nada podemos fazer e que isso é responsabilidade do Estado". Mas eu acho que poderíamos fazer mais se fossemos mais solidários.

Vista do Parque da Luz, pelo canteiro das flores

Solidariedade, porém, é artigo de luxo, raro. E não está em falta somente em São Paulo. O Facebook vai me revelando que esse é um mal que se alastra sem se fixar em fronteiras, em nacionalidades. Só para dar um exemplo.

Boteco no Bom Retiro

Por que é tão complicado pensar no próximo em vez de pensar em si? Qual é a chave que a gente muda para  começar a praticar algo em benefício de pessoas anônimas, sem pensar que de alguma maneira seremos recompensados pelos nossos nobres gestos? O verdadeiro bem, acredito, é aquele que você pratica sem desejar receber uma paga por isso, seja a paga da consciência tranquila ou seja a paga de um lugar garantido no céu. Fazer o bem tem de ser livre de interesses pessoais.

Loja na José Paulino

Já estou misturando coisas. Mas São Paulo é uma mistura. Eu disse que, por vezes, é bela. Acho que a cidade é fascinante de noite, com suas luzes e gente. Seus restaurantes e ruas com o povo bebendo cerveja e rindo de uma história ou lamuriando o emprego - ou o relacionamento - mal resolvido, o chefe mala, uma derrota no futebol, um pé na bunda, o telefone que não toca ou a dificuldade de encontrar uma cara-metade.
São Paulo é música. E, desculpem os demais, nenhuma cidade brasileira tem tanta música transbordando como aqui. Um chato vai falar que em outros lugares a música pode estar de graça na praia ou no morro. Eu respondo: aqui também. É que os bacanas não querem saber dos nossos "morros". De volta ao Parque da Luz: frequentemente há duplas ou grupos de pessoas simples tocando seus violões para a plateia desconhecida. Eles também são desconhecidos. Mas estão lá, dedilhando suas canções, erguendo suas vozes  para encantar alguém. Quem sabe receber umas moedas, uma nota de R$ 2 ou R$ 5.

A cidade dos eventos: SP Fashion Week (a primeira vez da Laura)

Verdade verdadeira que temos muitos shows caríssimos. R$ 300 para ver uma banda internacional? Sim. É muito pesado, mas eu acabo pagando pela oportunidade de ver e ouvir meus ídolos de perto. Isso me torna integrante de uma elite. Considero os valores abusivos, de forma geral. Seria melhor para todos que fossem mais baixos. Além disso, detesto toda a canalha que surge em torno do evento. Dos cambistas aos flanelinhas que cobram R$ 50 para vigiar seu carro. Dos taxistas que tentam cobrar preços fechados nas alturas aos estacionamentos mal organizados. Esse é um lado nada bonito de São Paulo. Precisava mudar certamente.

Planeta Terra, na minha opinião, o melhor festival da cidade

Dizem que nós, paulistanos e quase-paulistanos, somos frios. Isso não é legal. Mas, de novo, acho que isso é uma tendência geral. Estamos fechando os olhos para a solidariedade e para a gentileza. Eu gosto de dizer "obrigada" a toda pessoa que me atende. Agradeço o garçom, a moça que foi buscar uma roupa para mim, o motorista do ônibus. Converso todo dia com o porteiro do prédio, que trato com deferência. "Bom dia, seu Francisco". Costumo pedir desculpas pelos esbarrões que dou. É comum que pessoas apressadas nem olhem para trás - e eu fico com meu pedido no ar.

Museu de Arte Sacra

Não sou diferente, nem melhor do que ninguém (certamente sou pior do que muita gente... ah, meus defeitos). Mas seria interessante se as pessoas se esforçassem para tornar esta cidade mais bonita, humana e acolhedora.

SP à noite... eu te sigo...

E isso vai começar quando deixarmos de nos isolarmos diante de questões sociais urgentes ou de acontecimentos que firam a cidadania. Os episódios da cracolândia e do Pinheirinho (fora da capital, mas serve de exemplo) mostram que estamos longe disso. Não devemos ficar insensíveis à brutalidade alheia. Quer dizer, eu vejo esses dois casos como brutais. Há meios de agir sem ferir o ser humano, oferecendo apoio em vez de balas de borracha. Planejando de fato, em vez de dar desculpas por "acidentes de percurso". Meu discurso tá meio humanista demais, talvez, mas é que realmente me preocupo com essa transformação das pessoas em seres que se atentam mais ao Facebook e às fofoquinhas ou programas idiotas da TV e que colecionam frases de efeito em vez de refletir mesmo a respeito do que é preciso fazer para esta sociedade melhorar. Não quero postar frases de efeito. Quero comentar conquistas. Fatos que aconteceram e que geraram algum bem. Ou, pelo contrário, que fizeram mal - e que, em razão disso, devem ser criticados.

Praça Júlio Prestes, ao lado da estação Tiradentes

São Paulo tem tudo isso. Mas ela pode ser menos reacionária, como apontou o Xico Sá em seu blog (que bom que ele escreveu sobre isso). Ela pode ser mais bela. Ela tem muito a evoluir como espaço urbano. Eu quero fazer parte disso de alguma maneira. Por isso, eu penso, analiso e procuro agir. Quero que São Paulo seja melhor a cada dia, ainda que isso seja difícil. Mas amor é alimento para enfrentar diversidades, não é?!

domingo, 22 de janeiro de 2012

Noite boa

Estou atrasada neste post. Mas tenho meus motivos. Queria falar do show que vi no Cine Joia do Marcelo Jeneci e da Tulipa Ruiz. Foi na noite de sexta para sábado. E só agora encontro condições de escrever. Não me interpretem mal. Tive muitas coisas pra fazer antes disso. E tem mais um detalhe importante. Já faz tempo que não adentro a noite. Minha vida, embora sempre tivesse um ou outro agito, estava sem avançar a madrugada. Daí porque no dia seguinte tive de recuperar energia.

Como já disse em alguns posts aqui, minha vida mudou radicalmente no fim de novembro. E eu me reconstruí. Não é fácil esse processo. Porém traz lá suas vantagens. Uma delas é te provocar a ir adiante e experimentar coisas novas ou retomar hábitos prazerosos do passado.

Encarar um show como o do Marcelo Jeneci e da Tulipa eu tinha deixado exatamente aí, no passado. Encarar a madrugada? Até novembro era uma possibilidade remota. Mas tudo mudou.
Fiquei sabendo do show pela própria Tulipa, via Facebook. Na hora avisei a Mariliz, uma amiga muito fã do Jeneci (ela me convidou para entrar num grupo no FB chamado Mulheres de Jeneci; eu entrei). Dessa conversa, nasceu o plano. Vamos?

Ora, vamos. E logo juntamos mais duas pessoas, o Marcelo e o Beto. E também a Andrea. E a Mari chamou  outras amigas. Pronto já havia um coletivo. Então, eu comprei meu ingresso e mais o do Marcelo e do Beto. Ficou por R$ 66. Como? Sim, R$ 66. Comprando no primeiro lote, pagava-se R$ 20, mais R$ 2 de taxa de conveniência. Para quem pagou uma pequena fortuna para ver o U2, isso era algo mais do que alvissareiro. Era algo para comemorar.

Jeneci empunhando um dos instrumentos que toca. Apenas um deles


Eu esperei por esse show contando os dias. Vi cenas da apresentação da dupla no Circo Voador. Deu mais vontade. Enfim, chegou a sexta. Caso tenha lido uns posts prévios, terá notado que venho correndo cedo. Mais explicitamente, às 5h45 da matina, quando o sol nem saiu, começa minha rotina. Não foi diferente naquela sexta. Depois dos meus seis quilômetros matutinos, pensei que deveria poupar minha energia para estar no Cine Joia no horário sinalizado pelo site: 22h.

Gosto de ser pontual ("Pontual", aliás, é uma música da Tulipa). Trabalhei como boa editora que sou e sai da redação correndo para casa. Não deu tempo de fazer nada, exceto deixar a mochila do laptop, pegar uma bolsinha pequena e jantar algo rapidamente. Peguei o metrô (eu sou uma adepta do transporte público, especialmente se vou a um lugar perto de uma estação; era o caso).

Desci na Liberdade. Que liberdade - perdão pelo chiste barato. Mas era isso mesmo. Fazia quanto tempo que eu não encarava a noite assim? Fui até o Cine Joia tipo 21h35. Surpresa. Havia uma fila. Surpresa. Não era para retirar ingresso. Era para entrar direto. Sorte que o Marcelo e o Beto chegaram na hora da minha vez.

O ponto negativo da noite é que demorou muito para o show começar. Beleza. Entendi lá dentro que a entrada era às 22h e que o show seria às 22h30. Ok, razoável esperar meia hora. Mas qual? O  início foi pra lá das 23h30. Meu corpinho teria pique? Depois dos meus seis quilômetros às 5h45 da matina, depois do fechamento do jornal? Depois do trânsito para voltar para casa e do jantar engolido às pressas, sem nem tempo de me jogar no sofá por ao menos dez minutos? Suspeitei desde o princípio (ah, Chapolim) que eu não ia aguentar a maratona. Só que eu estou neste mundo para me superar.

Momento azul do show do Marcelo Jeneci... (que definição mais estranha)


Eu conhecia pouco do Jeneci. Praticamente duas músicas. Eram as que eu lembrava e sabia a letra vagamente. As demais, talvez tivesse ouvido um pouco. Então, estava ali para ser apresentada de verdade ao som dele.

Adorei.

É um grande músico e tem uma bela entrega no palco. Multiinstrumentista. Cara, não é pouco. Melodias lindas. Letras? Não poderia falar muito. Teria de comprar o CD e acompanhar mais. Aliás, vou comprar o CD. Eu sou uma daquelas pessoas que busca CDs nas lojas. Tipo raro.

Interessante a devoção da plateia. Tive até a impressão de que tamanha paixão dos fãs do Marcelo Jeneci poderia ofuscar um pouco do brilho dos devotos da Tulipa. Notem que falo do público. Isso porque já dei pontos para uma banda ou para um cantor em função da reação da plateia. Uma legião de pessoas apaixonadas deveria dar, de imediato, um disco de ouro para o artista. Alguém pode falar que isso daria a cantores ruins, mas populares, o direito de se arvorar. Ora, que se arvorem. Conquistaram esse direito. De certa forma, aprendi isso com a Regina Casé, num TED feito em São Paulo (o primeiro evento independente feito no Brasil com a marca TED, Technology, Entertainment and Design).

Voltemos ao Jeneci. Eu brinquei com algumas pessoas antes do dia do show: minha amiga estava na turma dos que iriam ver o Marcelo Jeneci. Eu estava na turma que queria a Tulipa. Até aí, nada demais. Se os dois se entendem no palco, nós nos entendemos na plateia :) - como se isso fosse alguma espécie de competição... (tsc, tsc, Lena).

Então, veio o momento em que Jeneci chama Tulipa ao palco. Eu estava crente que a partir daí eles se apresentariam juntos, deixando o final para ela. Mas essa impressão logo se desfez. Como poderia? Eu sabia que na banda da Tulipa estariam o Gustavo (irmão) e o Chagas (pai), meu amigo desde os tempos da IstoÉ. Então, realmente não podia ser daquele jeito que pensei no início.

Os dois juntos, Marcelo e Tulipa, ficam lindos. Transmitem uma coisa boa. De camaradas, de amigos verdadeiros, de pensamento coletivo, de experiências compartilhadas, de vivência. Os dois juntos arrasaram. E eu fiquei com aquela felicidade de saber que o começo da carreira poderia não ter sido fácil, mas compensava. Estavam ali, embalados no carinho da plateia. Isso é sério.


Tulipa é chamada por Jeneci


Ao final, Jeneci saiu com aquele rosto de quem tinha feito um bom show. O público o amou. Deu pra sentir. Não sei como foram as demais apresentações dele. Mas ele me cativou.

Depois disso, tivemos de esperar uns 40 minutos pelo show da Tulipa. Naquela hora, minha bateria acendeu a luz vermelha. Estava cansada. Mas esperaria. Nem que fosse por três músicas. Ainda tinha o plano de correr no dia seguinte, das 7h às 8h. Meus amigos pareciam tão cansados quanto eu, ou até mais. E já era 01h da madrugada.

Sem mais delongas, vamos ao show da Tulipa. Ela abriu com "Efêmera", o que me espantou um pouco. Tive a sensação de que é sua música mais popular. Daí imaginei que tocaria mais do meio para o fim. Tudo bem. Foi ótimo também. Já começou quente. Meu amigo Marcelo decidiu que ficaria mais tempo. Estava gostando do show.

Sabe aquilo que disse sobre a devoção do público? Pois bem, a plateia da Tulipa estava ainda mais apaixonada. Eu adorei esse calor dos fãs, claro. Vinham aqueles gritos... "linda", "magia", "caralho" (ops). Estou reproduzindo o que lembro. Não vou conseguir reproduzir a ordem das músicas, mas como diz a Tulipa, a ordem das árvores não altera o passarinho.


A dona do palco

Eu conheço todas as músicas do álbum da Tulipa. Tenho as minhas preferidas, como todo mundo. Só que ver qualquer som já estaria bom demais. Preciso dizer que um bom show, na minha opinião, se faz com músicos de qualidade, som de qualidade (isso já derrubou as notas que dou... notas pessoais, quero dizer; só fiz uma vez para a grande imprensa), e com a entrega da banda ou do cantor.

Já vi os Arctic Monkeys num TIM Festival e teve gente que reclamou porque eles não interagiram com o público. Eu adorei aquele show. Os caras pegaram seus instrumentos e tocaram seu álbum de cabo a rabo, acrescentando músicas de outros artistas. Sim, não falaram "Olá, tudo beiim?! Obrrrigado". Mas isso pouco me importava. Eu queria som! E eles me deram isso. Tocaram quase sem parar, com intensidade no palco (verdade que mais entre eles). Já o Interpol no Planeta Terra 2011 me causou impressão de que eu estava numa região gélida, árida. Interagiram pouco também (algumas palavras aqui e ali). Porém não senti entusiasmo deles em tocar. Os anos de estrada devem ter cansado um pouco os caras. Ou eles são assim mesmo, frios.

Com a Tulipa é o oposto. Ela entra e é dona do palco. Interpreta mesmo sem usar a voz. Seus olhares, gestos, risos e sorrisos cativam o público. Tulipa fala com seus fãs. Ela os aproxima. Nunca tinha visto um show dela depois dos tempos do Pochete Set (esqueci como se escreve. Perdão).

Então, retomando o tema da devoção: não se trata apenas de o público gostar do som. As músicas estavam ótimas, os músicos idem. As cenas em palco também. A voz da cantora, fantástica (um gaiato gritou "me dá sua voz"). A qualidade do som, para  mim, que sou leiga, me pareceu ok. Os ingredientes estavam lá. Mas havia a paixão a acrescentar tons a mais. Os fãs estão cativos. Adoram a Tulipa. E ela faz por merecer essa devoção.

Dois momentos destacarei neste post. O que teve a volta de Jeneci, cantando uma composição da Tulipa. Ah, sim. Tem isso também. A Tulipa escreve. O Jeneci também. É uma bela safra de cantores. Posso falar safra? Não é "politicamente incorreto"? Se for, apelo. Safra remete a vinho. E eu adoro vinho.

Tulipa chamou Jeneci de volta

O outro momento foi quando Tulipa interpretou Caetano Veloso. Foi algo que teve um toque de experimentação (atenção, reforço: não sou crítica, nem de cinema, nem musical, nem literária). Não sei se já tinha feito isso antes. Ela fez um turbante com a toalha branca posta ali pela produção. Ampliou a música. Abaixou-se e ficou sentada no palco, atraindo os fãs que estavam no gargarejo. Foi uma sucessão de cliques. Eu nem tentei registrar o momento. Naquele momento era a voz. Era uma entrega.

Nessa parte, a música interpretada foi Pedrinho (é esse o título da canção? Fugiu da memória)

Fiquei mais do que as três canções. A música espantou o cansaço. Antes do show acabar, no entanto, decidi sair à francesa. Meus amigos já tinham se perdido - quer dizer, já tinham partido para suas casas. Naquele minuto eu estava só. Deixei o Cine Joia enquanto tocava mais uma das músicas favoritas. Na praça em frente, pedi um táxi. Como demorasse, conferi o relógio. Eram 3h. Mais duas horas e meia e eu completaria um turno de 24 horas sem dormir. Pensei que talvez tivesse comprometido o fitness do sábado. Sim, tinha valido a pena. Claro.

Eu estou vivendo uma nova fase. Enquanto o show rolava, vi casais se beijando, se amassando. Vi um cara gritando para a Tulipa "eu quero essa boca laranja". E vi o mesmo sujeito gritar quando o Marcelo Jeneci finalmente deixava o palco "eu sou mais bonito do que ele". Ri bastante. Mas ali na rua fiquei pensando. Estou só. Não que isso seja ruim. Nunca foi. Por muito tempo tive essa sensação e ela nunca foi triste. Verdade que enquanto estive no Cine Joia eu não estava só. Não. Éramos todos "amigos", compartilhando o mesmo prazer: ver um bom show e ficar feliz com a música. Mas a madrugada revela coisas que nem sempre percebemos durante o dia.

O show foi ótimo e eu não tinha ninguém para dividir essa impressão. A menos, claro que eu escrevesse e contasse um pouco do que foi a noite. Demorei. Espero, no entanto, que eu tenha passado a sensação do que foram as apresentações. Ah, sim, meu sábado teve de ser adaptado. Não corri, deixei de cumprir planos. O saldo final, porém, é o que conta. Fiquei bem.

Tulipa e o grande Chagas.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Eu sou um personagem

Talvez tivesse de falar: sou uma pessoa normal. Para certas ocasiões, até sou bastante comum. Igual a todas essas pessoas que passam por você e que nem se destacam na multidão. De modo geral, sou assim.

Mas tem horas que me sinto um personagem. De HQ. De mangá. Ou de uma crônica que arranca risos do leitor. Por que? Porque eu sou este ser imperfeito, que toma sustos, que grita e que dispara “em desabalada carreira”, cedendo a um impulso, a uma cascata química no meu corpo que transforma meus atos em cenas ridículas, longe de qualquer razão. Parece que fui criada para protagonizar esses momentos - alguém lá em cima gosta de se divertir.

(OMG! Virei um mangá!)

Vamos aos exemplos: estou correndo no parque. Crio apelidos para os trechos que percorro. Apenas porque acho divertido inventar histórias. Vou bolando ideias, balões imaginários, conversas que teria um dia. Isso não é normal. Ou é? De volta ao exemplo… estou correndo no parque e adentro a “Floresta Úmida”, um trecho em que as copas das árvores ficam bem fechadas e formam um “túnel” verde e viscoso entre o Jardim da Luz e uma creche pública sempre vazia de crianças às 6h (ufa!) e cercada por uma mureta e grades.

Quando passar por lá, tenha a certeza que será um dos pedaços mais úmidos do parque. Se choveu ontem à tarde, ainda haverá lama.

Tinha chovido de madrugada. Então, o caminho estava especialmente lamacento. Tinha levado uma lanterninha porque, às 5h45, o sol ainda não saiu e a trilha nas árvores fica bem escura. Joguei a luz da lanterna sobre o chão de terra. Lembrava de, na vez passada, cruzar com um sapo enorme e felizmente imóvel no final dessa trilha (dele eu me desviei com o coração mais acelerado do que o meu ritmo das passadas).

Retornando… mal adentrei o túnel e a lanterna iluminou um par de olhos. Irrrcc, outro sapo. Menor do que o gigante da vez anterior. Joguei mais luz sobre ele, achando que o bicho se espantaria e fugiria para o mato.

Ele não fugiu. Pelo contrário: me “atacou”. Pulou na minha direção, eu gritei e saltei na parte mais cheia de lama, afundando o tênis naquela massa pastosa. O sapo, muito agressivo, investiu de novo sobre mim. Gritei mais uma vez, virando a lanterna para a outro lado para não incomodá-lo. Fiz isso enquanto corria, aos saltos, pela lama, só ouvindo o som do tênis chafurdando. Corria, gritava, chafurdava. Eu fugi. Sou uma covarde.
(No lugar do ser alienígena, coloque o sapo - e com cara de mau. Deixe o ambiente escuro e lamacento. Eu sou o Haroldo. O Calvin é meu coração)

Com meu coração aos pulos, corri pela trilha, torcendo para não encontrar o sapo-gigante e pensando: fosse um homem não teria feito tanta micagem. Olhei pelos arredores. Não havia ninguém. Quer dizer, se eu, na corrida, tivesse escorregado na lama, caído de bunda no chão e o sapo tivesse pulado sobre minha cabeça, eu daria gritos horríveis, de matar um santo de susto. Mas ninguém me salvaria.

Fugi mesmo. Decidi que, enquanto não saísse o sol, não correria pela Floresta Úmida.

Dou minha volta. Coração se ajeitando na caixa torácica. Corro pela Floresta da Pinacoteca, um lugar nada assustador como a casa dos sapos. Avanço e, então, outro sapo. Mas ele era pequeno e se intimidou com minha figura grande e forte. Pulou de lado, saltou de banda e se refugiou nas folhagens.

Ao menos, para um eu impus respeito. Meu coração, no entanto, tinha disparado de novo. Podia ser pequeno, mas era sapo. Tenho horror a esses batráquios. Sempre acho que vão me atacar. Assim como as baratas sabem que eu tenho pavor delas e correm na minha direção se encontro na rua. É outra cena que nunca acontece sem que eu grite e dispare sem ver o que está por perto, fazendo com que me esqueça que sou uma pessoa normal.

Continuo correndo. À distância, penso reconhecer alguém. Ah, o coreano do colete azul (ver post anterior). Mas agora trocou de roupa. Está de jaqueta. Azul. Penso em cumprimentá-lo e comentar sua preferência pelo azul. Ele passa por mim. Está sempre no sentido contrário ao meu. Quando o vejo de pertinho, reparo. Não é o mesmo coreano. É mais velho. Tem a cabeleira toda branca. Lógico. É o pai do coreano do colete azul. Jaqueta é maior do que colete. Sinal de respeito, de maturidade, do poder dos anciões. Tento apagar tudo da mente. Por que viajo tanto?

Prossigo em minha jornada. Encontro o cara das pernas de Popeye. É que ele tem batatas tão grandes que me fazem lembrar dos braços do Popeye. Entenderam? O desenho dos braços passou para a batata da perna. Ele chega de bicicleta, prende à magrela no canto das bikes e sai correndo. Eu vejo as batatas, imensas. Como se o Roberto Carlos, em vez das coxas monstruosas, tivesse exercitado mais as panturilhas. Volta, Lena. Pára de pensar bobagens.

Ainda bem que o celular trabalha direitinho e o aplicativo não descuida das passadas. Está registrando tudo. Inclusive minha parada para retomada de fôlego. Não sei correr. Quer dizer, corro. Mas esse negócio de trotar, como me disse a amiga Bia Lorente, isso eu ainda não saquei como é. Eu tenho o modo “caminhar” e suas variações e o modo “correr” no meu cérebro. Bia falou que eu tenho de trotar primeiro, depois subir meu ritmo e correr.

Mas o que é trotar?

Penso num cavalo, naquela magnífica postura que tem enquanto trota. Tento transferir o desenho para mim. Humm, não está casando imagem com intenção. Eu sei sair correndo, como quando aparece um sapo diante de mim. Aí, surge a moça do rabo de cavalo com sua corridinha ritmada. Passos de passarinho. Parece dar pequenos pulinhos, impulsionando o corpo para frente. Seria isso trotar? Não vou atrapalhar a moça do rabo de cavalo. Ela está tão empenhada. Permaneço nas trevas da ignorância. E mantenho a corrida e perco o fôlego e troco o modo para “caminhar” em busca da energia perdida.

Eu não sei trotar. Nem sei o que significa isso.

Sou um personagem em conflito comigo. Distraio-me novamente durante as voltas que dou no parque. O cachorro amarelo, que “vive” lá, me reconhece. Sacode o rabo. Mas surge outro e outro. Todos amarelos. Ora, ora. É um clã. É uma linhagem que habita o parque. Os cães amarelos da Luz. Nunca ninguém escreveu sobre eles. Eu os resgatarei do anonimato, criarei uma linhagem, uma exclusividade. Nenhum cachorro de outra cor e forma poderá ser nomeado como cão da linhagem amarela do parque.


 
(O Cão Amarelo)

Envergonho-me dos meus pensamentos. Todos concentrados em fazer a quilometragem x, no tempo y para ter a satisfação z. Eu sou um ser estranho. Que corre e imagina. Poderia ser um desenho. E os balõezinhos surgiriam em meio ao trajeto. Nada de pedra no meio do caminho. E sim sapos, cachorros, “passantes”. Enfim, histórias.

É, acho que não sou normal mesmo. 

Obs.: publicado em lecastel.tumblr.com em 18 de janeiro.
 




São Silvestre, espere por mim



Eu não lembro exatamente quando foi, mas foi em dezembro. Os finais de semana estavam sendo difíceis. Durante a semana, tinha trabalho e isso me ocupava. Mas chegava sábado e eu entrava em depressão profunda. Eu estava com um problema com o qual não conseguia lidar. Seguindo recomendação médica, fui fazer alguns exercícios no Parque da Luz, que fica perto de casa.

Primeiro sai andando a esmo. E reparei que algumas pessoas faziam um circuito fora do passeio pavimentado. Resolvi seguir a trilha. Eu tinha mesmo de aprender a andar, como dizia a música do Foo Fighters. Então, fui lá, munida do meu velho tocador de MP3 (o iPod nunca deu muito certo comigo).

A primeira caminhada nem durou muito. Não estava com cabeça. E era só um final de semana no parque, cheio de gente. Fiz mais por dar uma volta e afastar pensamentos. E achei que seria mais interessante fotografar do que andar. Eu gosto de fotografia.



(Uma das fotos que fiz com o celular; elas estão em molo.me/lecastel)

Voltei na semana seguinte, ainda sem me dar conta do que queria realmente. De novo, um passeio curto. Olhava as pessoas, ouvia meu som. Dava uns passos. Não prestava atenção realmente em nada. O trabalho tinha acabado. Era a semana de férias coletivas.

Até que um dia resolvi caminhar direito. Fazer a volta completa pelo parque. Via os corredores e os caminhantes. Correr? Não. Sei lá como estava meu corpo. Eu estava perdendo peso rapidamente. Não tinha muita energia. No Natal, praticamente não me alimentara. A ceia com comida para todos os gostos. E eu só consegui comer uma colher de sopa de risoto - e isso ainda porque forcei (eu disse que estava com um problema com o qual não conseguia lidar? O apetite tinha sumido).

Mas depois do Natal senti que era preciso reagir de verdade. Então, fui para o parque com outra disposição. Caminhei e depois fiz uma série de exercícios nos aparelhos que estão num espaço pensado originalmente para a terceira idade, mas que todo mundo usa. Todos os que têm vontade, I mean.


(Um dos aparelhos disponíveis no parque; qualquer um pode usar)

Foi naquela semana, vendo as pessoas correndo que me veio a ideia (eu precisava de coisas novas na vida). Por que não me preparar para correr a São Silvestre no ano seguinte (leia-se 2012)? Absurdo, não?! Eu não sabia qual era o total de km da corrida. Sabia apenas que a edição 2011 estava com novo percurso e com um monte de gente reclamando da mudança da rota.

Isso, de fato, não atraiu minha atenção. Pouca coisa, aliás, atraía minha atenção naqueles dias. Meu cérebro estava embotado. Pensar na São Silvestre, no entanto, abriu um espaço na mente e no coração. Precisava de um novo objetivo, certo? Recomendação médica de novo. Ok, tinha o lado da música. Eu tinha dito que buscaria novos sons. Só que eu sempre busquei novos sons. Apenas tinha parado de me dedicar a isso por falta de tempo.

Correr, sim, era um objetivo novo.


(Esse cachorro parece morar no parque; sempre encontro com ele)

O detalhe que atrapalhava um pouco era a época. Final de ano. Não poderia consultar ninguém para me passar orientações mais corretas. Se quero atingir mesmo essa meta, a disciplina e a objetividade seriam importantes. Além, óbvio, de saber como correr sem colocar em risco minhas condições físicas.

Fazia tempo que eu estava fora de forma. Estar muitos quilos acima do meu peso habitual me deprimia. Mas até então eu nada fizera. Quer dizer, emagrecer como eu emagreci não tinha nada a ver com a vontade de perder os quilos a mais de outrora. Foi algo que aconteceu por força das circunstâncias. A depressão roubou-me o apetite, a fome, a percepção. Quando vi, tinha emagrecido. Como já me falaram, esse foi o lado positivo.

Evidentemente, sabia que não tinha força muscular para sair correndo sem ter o risco de sofrer alguma lesão. Resolvi caminhar no começo em ritmo leve. Estabeleci três voltas ao redor do parque, na trilha dos corredores e caminhantes (não sei qual o tamanho do percurso).

As três voltas eu ainda mantenho, porém acelerei bem o ritmo. Dentro do que planejei, seriam 40 minutos para caminhada e 20 minutos para exercícios nos aparelhos. Nos primeiros dias, não senti o impacto do meu empenho. Tirando o ânimo, que retornou.

Daí que parei por um curto tempo minha rotina no parque. Fiquei a primeira semana de janeiro em Ilhabela e todo dia caminhei à beira-mar, na areia, com as ondas batendo nas pernas. Quem entende de fitness saca que esse é um ótimo exercício. Com o corpo mais magro, percebi que, além do meu objetivo da São Silvestre (meio louco, admito), conseguiria cuidar da manutenção do peso com uma prática constante de exercícios. Sim, emagrecer tinha sido surpreendentemente fácil, embora tivesse sido pelo motivo errado. Calculo que perdi uns seis quilos.

Juntamente com as caminhadas, tomei outra decisão: encarar a bicicleta. Ok, confesso. Eu não sei andar de bicicleta. Na época de aprender, tomei um tombo fenomenal numa descida. E tinha desistido dela por ter me machucado muito. O desejo de aprender a dar pedaladas me acompanha tem um bom tempo. Porém eu tenho vergonha de tentar aprender em um ambiente muito público. No Ibirapuera? De jeito nenhum iria me expor ao ridículo assim.


(Mira, curiosa, confere minha bike)

Na casa da minha mãe tudo bem. Há espaço e uma área um tanto preservada da curiosidade alheia. Minha primeira tentativa foi hilária. Primeiro porque a bicicleta que tenho (ganhei num concurso de frases em um supermercado) estava muito detonada por falta de uso. Isto é, ela nunca foi usada e só acumulou poeira e umidade. O guidão está frouxo, por exemplo. E é preciso passar óleo na correia. Pensei em levá-la para um “bicicleteiro”, mas meu pai disse que arrumaria tudo (até agora não fez isso). Ou seja, eu me aventuro numa bicicleta que não está adequada para alguém como eu. Mas não desisti. Não quero ajuda de ninguém (até parece que iria aceitar a ajuda do meu pai segurando atrás…). Já acumulo algumas manchas roxas nas pernas, só que estou melhorando. Talvez no próximo sábado (só ando uma vez no final de semana) poderei dizer que dei minhas pedaladas.

Tudo isso, espero, mostre que estou realmente disposta a atingir minhas metas.

De volta ao parque, conto que o ritmo das passadas aumentou bem. Começo a reconhecer alguns dos praticantes cotidianos, como o coreano que anda sempre de colete azul - e sempre no sentido contrário ao meu. Tenho praticado meus exercícios de “madrugada”. Saio de casa para o trabalho às 8h. Então, para poder dedicar uma hora às minhas atividades físicas, tenho de chegar pelo menos às 6h no parque. Segunda-feira ele não abre. Então, esse é meu dia de descanso. Amanhã, terça, tentarei chegar lá tipo 5h45 (o portão principal abre às 5h30 para caminhadas). Está escuro, eu sei. Foi estranho sair de casa pela primeira vez na escuridão, com medo de ser atacada por… um ladrão. Mas o parque tem segurança. O maior problema mesmo é a rua.



(O relógio da Estação da Luz marca 6h30 da manhã, metade da minha rotina)

Já dei minhas primeiras corridinhas (seguindo as dicas de treinamento do Nike+, onde me inscrevi recentemente). Tenho muuuuuuuuuuuuito a conquistar. De caminhada estou muito bem. Tenho pernas fortes e os efeitos dos exercícios estão transparecendo na musculatura de coxas e panturilhas. Consegui perder um quilo no começo da rotina. Agora subi 400 gramas. Voltei a me alimentar. No entanto, quero reduzir mais um pouco o peso e estabilizá-lo. Espero conseguir isso com uma alimentação mais regrada e com o aumento do esforço físico (de modo prudente). Ainda não tive uma conversa com um especialista. Mas terei.

Afinal, eu quero de fato correr a São Silvestre. Não posso me machucar no meio do caminho. Tudo será com planejamento e bom senso. Quero metas concretas, mas que possam ser atingidas. Lá para setembro pretendo rever minha rotina e checar se terei condições de correr em dezembro de 2012. Caso ache que estou longe disso, postergo o plano. Não pretendo abandoná-lo, porém. Por isso, desejo-me aqui boa sorte e perseverança. O caso da bicicleta me demonstra que sou persistente. Que sou brasileira e não desisto nunca. Isso quando percebo o que quero fazer e o que me faz bem de verdade. Tudo isso tem sido bom. Ainda lido com a depressão. Sigo meu tratamento médico. Tenho de passar por outros especialistas. Sou obediente e assim o farei. Acho que estou no caminho certo.

Obs.: publicado no lecastel.tumblr.com em 16 de janeiro.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Um livro que recomendo

Copiando agora o que escrevi no Tumblr (reconheço que lá não me parece muito bom para compartilhar textos).

Post de 14 de janeiro.



“O dia rompeu cinzento e triste”

Com essa frase começa o romance “Servidão Humana”, de Somerset Maugham. É um dos meus livros preferidos. Já não lembro quando o li pela primeira vez. Mas devia ser adulta. Comprei 200 mil anos atrás uma antiga coleção de livros brancos (da Abril Cultural) em um sebo. Sei que perdi alguns deles porque emprestei para uma amiga que nunca me devolveu. Mas, felizmente, os dois volumes de “Servidão Humana” tinham ficado comigo.

Não estou aqui para bancar a crítica literária. Não tenho capacidade para isso. Mas a história de Philip Carey me pegou desde as primeiras páginas. “O dia rompeu cinzento e triste” já me dava sinais do que esperaria - mais ou menos como aconteceu comigo quando li a primeira frase de “David Copperfield”, de Charles Dickens (este foi consumido na adolescência).




(Meus livros são assim, meio velhos mesmo)




Bem, não contarei a história. O interessante é que o nome do personagem principal eu havia esquecido, mas o do personagem secundário, por assim dizer, esse não saiu da mente. Mildred. Como me pareceu odioso. Eu não entendia a obsessão de Philip. Perguntava a meus botões como alguém poderia ficar tão preso a outra pessoa a ponto de jogar fora sua vida. Hoje, sim, compreendo. Seres humanos não conseguem ser tão simples. Aprendi por mim.


Mas por que falo desse livro agora?


A verdade é que terminei uma saga. Há uns cinco anos comprei “O Silmarillion”, do Tolkien. Apesar de gostar muito do tema, não conseguia avançar e parava sempre nos capítulos iniciais. Nossa, reli tanto o começo que lembro da criação do mundo por Ilúvatar, particularmente do momento que Tolkien fala de música. Mas, como disse, algo sempre travava minha leitura (em geral, trabalho excessivo). Curiosamente, disse para uma pessoa que meu objetivo em 2008 - um ano de mudanças para mim - seria concluí-la, coisa que eu não tinha conseguido fazer até então.


Nesse tempo, li outras obras. Opa, não é que eu fique sem ler. Pelo contrário. Leio muito, como deveria ser com todo jornalista. Mas eu reservava “O Silmarillion” para uma fase mais calma. Exatamente para não ter de reler mais uma vez o capítulo inicial, o da criação do mundo.


Ou seja, continuei furando meu objetivo até que no final de 2011 resgatei o livro. Eu precisava. Um acontecimento em novembro modificou minha vida e tratei de refazê-la. Então, eu vi o livro. Sim, chegara o momento de concluir uma parte da minha história.


Terminei “O Silmarillion”. Que vitória. Fiquei feliz mesmo. Finalmente pude saber mais dos personagens que já conhecia de nome: o malfadado Túrin, o amor imortal de Beren e Lúthien, o corajoso Ëarendil e, sim, Morgoth, o mal. Pude compreender uma boa parte da mitologia criada por Tolkien (ainda preciso aprender mais).


(ilustração colhida na web de Beren e Lúthien)

Terminado o livro, preparei-me para encarar outro. Está na prateleira a biografia de Steve Jobs, um presente de final de ano. Havia mais um candidato. Ganhei de aniversário outro do Anthony Bourdain, “meu amigo” (falo dele assim porque gosto muito dele e de seu programa e imagino que ele poderia ser um bom amigo para encontrar de vez em quando no bar, para beber até cair e dar risada com as ironias da vida). Estava mais inclinada para o Steve Jobs. Afinal, tanta gente tinha lido e emitido opiniões aqui e ali (como sou palpiteira… deu vontade de fazer meus comentários também).

Ok. Nesta semana fui a uma livraria. Tinha um cartão-presente para aproveitar. Comprei um DVD, dois livros pedidos pelo Lucca (Edgar Allan Poe), dois CDs (um do David Bowie que eu queria muito) e… puxa, encontrei “Servidão Humana”. Tenho o hábito de presentear pessoas com alguns dos livros favoritos. Estou doutrinando? Ah, pode ser. Mas são bons livros. Costumo comprar sempre algo de Ítalo Calvino. Em geral, dou ou “O Barão nas Árvores” ou “O Cavaleiro Inexistente”. Já dei duas vezes “Quase Memória”, do Cony. E já tinha falado para várias pessoas de “Servidão Humana” - e uma vez emprestei a um amigo meus dois volumes da tal coleção branca. Ainda bem que eles os devolveu (embora eu não saiba hoje onde estão. Talvez na casa de minha mãe).

Mas naquele minuto “Servidão Humana” estava diante de mim. Em um volume só. Não resisti. Eu o comprei. Vou dá-lo para alguém (ainda não está certo quem). Mas não resisti de novo. Steve Jobs perdeu para Somerset Maugham. Li o prefácio da edição publicada pela Ed. Globo, de Carlos Vogt. Diz ele que Maugham anota, em 1938, que “para compensar a impossibilidade de aceitar a falta de sentido da vida, a sabedoria dos tempos selecionou três valores de duração mais permanente, procurando dar assim algum significado à existência”. São eles a verdade, a beleza e a bondade.

Genial esse Maugham. Fecho com ele. Escrevo aqui e ali sobre o bom e o belo. Não incluía a verdade nessa minha “pregação”. Por falta de inteligência minha, óbvio. Porque esse é um valor caro a todos. E teria de estar mesmo junto da beleza e da bondade.

Esses valores transparecem em “Servidão Humana”. Mas dizer isso é tão mínimo a respeito da obra que, se pudesse, daria esse livro a todos meus amigos.

Espero que um dia possam ler. E se já leram, que tenham gostado. E se já leram mais de uma vez e sentem vontade de retomar as páginas, então, somos iguais.
 
(Leslie Howard e Bette Davis no filme de 1934, ele como Philip Carey. Ela como Mildred Rogers. Em português foi intitulado Escravos do Desejo)

sábado, 14 de janeiro de 2012

Três águas

"São agora três águas, não é", perguntou-me o porteiro. No início, não entendi. Como? "Três águas? Três galões? Mas se encomendo sempre dois e não três..." Já estava tentando contar do meu hábito de compra. Mas ele explicou-me. Queria dizer três pessoas em minha casa. Estava fazendo o cálculo do consumo de água no prédio e checava com cada morador quantas pessoas consumiam água por apartamento. E emendou mais uma frase simples e direta, justificando seu raciocínio. Foi muito sutil e delicado. Confirmei. Sim, são três águas. E entrei no elevador de cabeça baixa, para que não olhasse meu rosto.

("As histórias que não contei")

Estante

Repetindo a história de publicar algo do velho fotolog e depois algo do blog novo, o Tumblr. Então, vamos ao resgate do passado.



08/04/05
LIVROS, LIVROS, LIVROS...

Qual é o maior escritor vivo hj? Podem falar de Saramago, de Isabel Allende, de Umberto Eco... Até do Paulo Coelho (mas na minha estante ele não entra de jeito nenhum. Desculpem-me os fãs). Eu gosto de Gabriel Garcia Márquez! Acho que ele é fantástico, não apenas pelo estilo literário. É um dos meus autores preferidos, entre vivos e mortos. Segue um trechinho de um conto que está em A incrível e triste história da Cândida Erendira e sua avó desalmada.

“Fascinadas por sua desproporção e sua beleza, as mulheres decidiram então fazer-lhe umas calças (...) e uma camisa (...) para que pudesse continuar sua morte com dignidade. Enquanto costuravam, sentadas em círculo, contemplando o cadáver entre ponto e ponto, parecia-lhes que o vento não fora nunca tão tenaz nem o Caribe estivera tão ansioso como naquela noite, e supunham que essas mudanças tinham algo a ver com o morto. Pensavam que se aquele homem tão magnífico tivesse vivido no povoado, sua casa teria as portas mais largas, o teto mais alto e o piso mais firme, (...) e sua mulher seria a mais feliz. Pensavam que tivera tanta autoridade que poderia tirar os peixes do mar só os chamando por seus nomes, e pusera tanto empenho no trabalho que fizera brotar mananciais entre as pedras mais áridas, e semear flores nas escarpas.”
(O Afogado Mais Bonito do Mundo – GGM)

*-*

Este é um pedacinho da minha estante. Dá para ver minha coleção da Penguin Classics (tá lá a Jane Austen, minha escritora inglesa favorita), minha série de HQ de luxo (Manara e Will Eisner, entre outros) e minha caixa/porta-retrato (Lucca, Laura e mamis).
bjs
Foto publicada às 23:47
Me empresta alguns? Quero ler...
Sou cheio de livros de Gabriel G. Márquez...
Vc acaba de me inspirar a ler um...
Obrigado.

Ehehehehe

Adorei o trecho acima...
Bjs
=*
Oba, oba! Escolhe um aí... E Biel: leia sim. Faz bem!
Tô achando que vc tá pedindo uma visitação. Tá muito arrumado.
Vou esvaziar pegando alguns. hehehehehe
Nossa, eu realmente leio muito, principalmente nas férias, e de Paulo Coelho a Saramago... mas nunca li os livros dele, mas não sei se é por coincidencia ou não, o nome dele é citado tanto no livro quanto no filme "A casa da Colina" (não tenho certeza, é um filme com a Winona Rider, lindissimo), como um escritor revolucionario...
Ah, e também mostra o seu Leitão, rs.
Mil beijos