quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Sob o sol de São Paulo

Mais uma São Silvestre na história. Não tô pra Emil Zatopek, mas me sinto feliz de já ter experiência na principal corrida de rua do Brasil. Não avaliei meu tempo. Acho que fui melhor do que o ano passado. Acho. Depois vejo isso.

Dia de sol, muito sol

A questão é que não é isso que me importa mais. Não corri minha terceira São Silvestre para fazer tempo. Fiz por diversão. Porque seria legal disputar a 90ª edição dessa prova tão tradicional. Hoje, dia 31 de dezembro, pela primeira vez desejei ter algumas pessoas comigo. Porque não se tratava de vencer um desafio pessoal, como nas vezes anteriores. Era simplesmente o prazer de cumprir o trajeto e fechar o ano com a prova. E seria bacana se tivesse algumas pessoas comigo. A gente nem precisaria correr muito (mas de vez em quando sim, né). Eu teria a paciência de esperar, caso fosse com alguém menos experiente. Teria prazer em esperar (como se eu fosse uma super campeã de corridas... tsc, tsc, tsc).

Prova de personagens, figuras, gente animada


Bom, a corrida deste ano não foi das melhores. Já imaginava até. Foram 30 mil inscritos, fora a pipoca. No primeiro posto de água, teve uma muvuca tremenda. Nunca parei na prova por causa de excesso de gente. Hoje, parei. Era o fim da Pacaembu e se criou uma verdadeira muralha humana. Quebrou-se o ritmo. Eu quebrei o meu, pelo menos. Lamentei porque era apenas o começo e eu podia render mais.

Mais um personagem: o surfista prateado

Ainda em casa. Quase pronta

Foi muito difícil sair da confusão. Houve gente que desistiu e resolveu seguir direto para a ponte que fica ao lado do Memorial. Devia ser pipoca desencanado, que não tem nada a perder. Eu não cortaria nunca o trajeto. Prezo muito pela prova.

Alguém me passou um copo da água, no meio da bagunça criada em torno de uma das poucas caixas que ainda tinha a bebida. Foi uma mulher. Meu agradecimento para ela. Que ela receba muita água para beber nesta vida.

Também não chequei a temperatura para saber se a prova deste ano foi mais quente do que as de 2013 e 2012. Eu senti como se fosse. O calor pegou quando eu estava começando a descer a ladeira que leva ao Pacaembu. No ano passado, só coloquei o boné no fim da Pacaembu. Desta vez foi no começo. O sol estava forte demais.

Acho que não bebi tanta água assim. Na verdade, peguei todos os copos dos postos, mas usava 90% dele para molhar o corpo. Joguei muito no pescoço e nos pulsos. A travessia pela Marquês de São Vicente, que não tem sombra, me custou muito. Quer dizer, todo mundo sentiu o sol. Meu treinador disse até que parecia ter um sol para cada um. Bom, eu sentia que tinha dois sóis em cima de mim. Não sei lidar muito bem com o calor. Normalmente, corro cedo (6h, 6h30) ou à noite. Esse solão de 9h, 10h, 11h é muito esforço para mim. Então, a Marquês foi meu maior desafio. Não parei de correr. Segui na meta. Reduzia a velocidade às vezes, porém me arrependia. Isso significava mais tempo debaixo do sol.

O povo esperando a largada. Recorde de público: 30 mil inscritos

Continuo achando chato que as pessoas não tentem jogar copos e saquinhos de Gatorade no lixo. Fica muito sujo o caminho para os outros. E tem lixeira. Basta procurar um pouco. Tudo o que peguei e consumi eu joguei no lixo. Não.  Calma. Teve um copinho lá pelo km 12 que acabou no chão. No entanto, não foi minha culpa. Perguntei para três mulheres que faziam a limpeza se elas queriam a água. Eu não tinha encostado minha boca no copo. Só tinha usado metade do líquido para jogar nas costas. Uma delas fez que sim. Aceitou meu copo. E eu esperei que ela bebesse. Nem sei por que fiz isso. Daí que a mulher não bebeu e jogou... no chão. No lugar em que a companheira dela estava limpando. Confesso que fiquei chateada.

Pernas para que te quero - faltavam minutos para a largada

Outra coisa que foi ruim, na minha avaliação. Nas duas edições anteriores tinha banheiro químico. São raras as provas que têm banheiro durante o percurso. Nas duas São Silvestres que fiz, precisei passar por um. Deu um aperto danado, o que acho que era psicológico. E eu parei por volta do km 10. Nas duas vezes anteriores. Não é que este ano senti de novo a vontade de fazer xixi? Pois, com as mudanças no trajeto, fiquei procurando o banheiro a partir do km 10. Não vi nenhum. Imaginei que teriam mudado de km. Que nada. No Largo de São Francisco, me aproximei de dois policiais e perguntei se o posto deles tinha banheiro. Porque eu não estava vendo nenhum da organização.

- Não tem - disse um, fazendo cara de triste.
- Sabe onde tem algum?
- Não sei.
- Este ano eles não colocaram banheiro químico - observou o outro.

Eu fiz que sim. Tinha percebido, mas não queria acreditar. Enfim, mudanças. Fechei a prova sem ter ido ao banheiro. E não é que a vontade passou quando eu estava terminando de correr a Brigadeiro?

A torcida te apoia o tempo inteiro

Este ano eu senti mais o calor. No final desse trecho, já estava pensando em colocar o boné

Aí, já na Paulista acelerei o que podia nos metros finais porque eu gosto dessa sensação de entrar voando. Boba, né. Mas é legal. E as pessoas te apoiam. "Vai, falta pouco, corre".

Depois, tive de andar mais um quilômetro (acho) para encontrar um copo d´água (que estava fresca, a única fresca de toda a prova) e mais uns metros para poder pegar minha medalha. Ê, organização! Os lanchinhos eu nem olhei. Dei mais uma volta para poder encontrar o apoio da minha equipe de corrida. Comentamos o problema da falta de água e foi isso. Aí, partimos para o novo ano.

Esse comecinho pega muita gente. Descida não é essa fichinha, não. Engana
São Silvestre é legal. Tem suas falhas - e este ano foram maiores, julgo. Mas curto. Antes da largada, você conhece pessoas (sem conhecer de verdade). Conversei com duas mulheres que iriam disputar a prova pela primeira vez. Uma delas estava bem informada. Sabia dos maiores desafios. Falamos da ponte da avenida Rudge. Eu me senti a expert (e bote risada aí). Tem outras coisas engraçadas que acontecem antes da prova começar. Na largada, o locutor se atrapalhou. O pelotão de elite já tinha saído e ele berrava: "Ernani, Ernani, Ernani" e daí emendou: "Foi dada a largada. Começou a São Silvestre". Quem é o Ernani, caçamba?

Na edição deste ano, não vi a Emília. Mas como tinha Chaves e Chapolin. Aliás, cruzei com um grupo grande deles, do Chapolin Colorado. Cruzei com noivas (homens vestidos de noiva, inclusive) e freiras. Acho até que havia uma freira mesmo. Coitadas delas. Aquele hábito e aquele calor. Mas corriam as mulheres. E como. Outras coisas curiosas: os caras que pararam numa lotérica, perto do Largo de São Francisco, para apostar na Mega da Virada. Que doidos. E os caras que pararam no boteco, no comecinho da Brigadeiro, para tomar umas porque o calor estava assassino. Senti inveja.

Essa ponte da Rudge cansa. E depois disso não fiz mais fotos. O sol estava de lascar e eu só queria saber de sombra
Bom, agora acabou. Não tenho mais calendário para cumprir. E como desejo de início de ano... não quero ter calendário para cumprir. Não é que deixarei de correr e disputar provas. Apenas vou sentir na hora se vou ou não me inscrever numa determinada corrida. Se receber convite, ora, eu vou. Um presente desses não se esnoba (exceto se tiver algum complicador físico ou de agenda). Correr eu vou. Só não sei onde, nem quando. A única certeza é que no parque sempre estarei.

Para 2015, eu desejo o que sempre desejo: conquistar o mundo. Mentira. Desejo que seja bom. Apenas isso. Não pretendo fazer elucubrações.

Não estabeleço nenhuma meta. Não. Não quero metas dessas de exigir planejamento (tirando as do trabalho porque aí é outra história). Quero apenas poder me livrar de certos problemas e fantasmas. Quero poder dizer "sim" mais vezes. Quero ver mais vezes minha família e meus amigos felizes. Porque felicidade é mais legal quando compartilhada. Torço por ver mais pessoas felizes. Aí, quem sabe...

Feliz 2015.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Correndo por música

Mais uma São Silvestre se aproxima. E mais uma vez disse por aí que não estava preparada. Tenho de rir. Porque essa ladainha persiste. Será que um dia estarei preparada? Uma amiga corredora, mais experiente que eu, respondeu que estou. Segundo ela, a gente sempre pensa que poderia ter feito mais. Mas, no final, a gente cumpre a meta. De fato.

A corrida se tornou algo bom da minha vida. Não é sofrimento. Exceto quando acho que estou muito mal preparada para uma prova e aí fico maquinando o que poderia ter feito para não me encontrar naquela situação, arrependida e temerosa. A corrida é também cabeça.

Eu, a corrida e a música (nos fones)

Bem, apesar desse esclarecimento, conto que vou para esta São Silvestre, a 90ª edição, com a consciência que deveria ter treinado mais. O problema é que trabalhei muito. E excesso de trabalho rouba a energia necessária para a gente vestir a roupa de correr - que se dirá da energia necessária para a atividade física propriamente.

Às vezes,  me pego pensando nisso: por que a gente dedica tempo extra ao trabalho e não dedica tempo extra para aquilo que te faz bem de um modo geral? Não é uma crítica ao trabalho (gosto do meu ofício). Mas uma crítica ao fato de desequilibrarmos nossa agenda diária em favor de uma atividade, prejudicando outra. E normalmente a gente faz isso em nome do trabalho (que é o que paga as contas). Raramente o faz em nome do corpo e da mente. Houve dia em que saí de uma reunião que se demorava mais do que o previsto com o argumento de que iria perder o treino com o meu time de corrida (que tem horário fixo). As pessoas do grupo, que acompanham essa minha aventura, entenderam. Mas em outra reunião, que também avançou, joguei a toalha. Depois, fiquei me maltratando mentalmente por não ter nem tentado chegar ao parque (local do treino). Olhava o relógio e olhava minha bolsa com a roupa e o tênis. E lamentava.

Resultado é que não deu mesmo para treinar como acho que deveria ter feito (e não estou falando de nada extraordinário). Vou para a São Silvestre no espírito da diversão. Não estou despreparada. Não é isso. Mas não poderei fazer bonito, como se fala. Vou curtir ao máximo.

Agora, vamos ao ponto da música. Meu último treino antes de fazer o relax pré São Silvestre (sem correr para poupar os músculos) foi de 10k. Uma corrida suave, sem fadiga. Dois dias antes tinha feito pouco mais de 6k e cansei (seis quilômetros era o mínimo; queria ter feito uns 8k ou 10k). E quatro dias antes tinha feito outros 10k muito na boa.

Terminado meu último treino, avaliei o que tinha feito de diferente entre os dias. Por que não rendi no dia dos 6k e nos outros foi tranquilo? Ok, tem dia que você não acorda para aquilo. O psicológico tem seu peso. Mas o motivo principal, creio, foi o tipo de exercício. Era uma distância pequena: 6k. Não era para ter cansado. É que corri 2k em ritmo suave e um km em ritmo puxado. Aí, mais 2k na paz e outro quilômetro acelerando. Essa é a explicação: o pace mais forçado. Preciso treinar mais esses ritmos intervalados para melhorar meu rendimento futuro. Nos dois treinos de 10k eu mantive o pace regular. Outra coisa que entendo que influenciou: a música.

Tem corredor que não gosta de se exercitar com fones nos ouvidos. Cada um tem seu estilo. Eu gosto. Gosto de entrar na trilha do parque e alternar um pouco o ritmo em virtude do som. Tem música que leva a acelerar. Outra te acalma, diminui seus passos. Tem aquela que te faz cantar no meio da corrida (e se eu consigo cantar é porque estou com fôlego).

Na rua a coisa muda de figura. É preciso prestar muita atenção no que está ao redor. Ninguém quer ser atingido por um carro. Na USP, por exemplo, recomendo não usar fones porque tem muito trânsito. Mas num parque... puxa, para mim faz diferença. Na São Silvestre, com todo o circuito fechado e protegido, não vejo problemas em correr com meus fones.

Entre esses três treinos que mencionei, dois eu fiz ouvindo uma única música. Ah, imagino alguém se agitando, murmurando "que horror". Humm, quando se trata de uma canção em que você está viciada, não é horrível. Podem dizer que é doentio... Aceito. Mas eu podia estar fazendo coisa pior ;)

A tal música é uma nova do Foo Fighters: "I'm a river". Combinou muito com minhas passadas no parque. Diria que foi perfeita para o meu ritmo. Pretendo correr assim na São Silvestre, principalmente porque não tenho intenção de disparar em nenhum momento (salvo na Paulista, se tiver pique). Meu pace será nessa toada, pelo menos uma boa parte da prova. Depois, libero o MP3.

Foo Fighters - I´m a river (começa calminho, aí esquenta, aí diminui um pouquinho, aí acelera de novo... aí você canta, viaja, sonha e, quando vê, acabou mais um quilômetro. "The measure of your life is that what you want").



Outros sons que escuto em corridas listo abaixo. Estão no meu MP3 (não uso o celular para escutar música). Para minha primeira meia maratona, montei uma lista esperando que quando chegasse a hora do Phoenix eu pudesse correr lindamente. Nada. A prova terminou e eu ainda não tinha passado pela sequência do Phoenix. Essas canções continuam lá, no MP3, esperando o momento de usá-las. Não sei se vai rolar isso na São Silvestre. Mas tudo bem. Tem uma série de sons legais que estão no meu equipamento.


Quem quiser conhecer...

Phoenix - Lasso (sintam as batidas da bateria no começo. Parece que te preparam para dar uma acelerada. "Where would you go/ Where you would go with a lasso/ Could you run into/ could you run into/ could you go and run into me")




Phoenix - Entertainment (dá vontade de dar uns pulinhos ou alternar os passos como se estivesse dançando. Aí, você estabiliza e segue no ritmo. Mas canta, de vez em quando, "entertainment/ show them what you do with me" ou "I love, I love, I love, I notice")


Disclosure - Latch (essa é mais para moderar. Correu forte? Precisa recuperar? Eu vou bonito quando toca esta... Também dá para cantar o refrão e balancear o ritmo na base do som... "Now I've got you in my space/ I won't let go of you/ Got you shackled in my embrace/ I'm latching onto you". Vê se não dá)


South Central - Machine Gun (confesso que parece mais batidão para academia. Mas eu curto. Precisa de força para encarar uma subidinha - subidão é outra coisa, pls? Acho legal. Tem uma hora que você ouve "fire". Então, taca fogo na subida)


South Central - Skream (é uma sequência que coloquei. Daí que eu já associo. Se toca uma do South Central, tem de tocar a outra. Essa também é para acelerar. Tem um determinado momento que você vai ser levado a acelerar. Se ouvir, vai entender)


(se você achou muito pesado, tem uma música deles, dessa dupla inglesa, que está mais leve. Humm, leve? Não tenho no MP3, mas curto "The Day I Die").


Florence and The Machine - Dog Days Are Over (ok, vamos mudar o ritmo. Mas sem diminuir muito a passada. E ainda com estilo. "Run fast for your mother/ Run fast for your father/ Run for your children/ for your sisters and brothers").


Foo Fighters - Long Road To Ruin (essa eu associo ao meu cansaço e à disposição de superar a fadiga. Aquele esforço que você busca no inferno, se preciso. "Come now, let's leave it all behind/ Is that the price you pay/ Runnin' through hell/ heaven can wait". Bom, tenho muitas músicas do FF no MP3).


Daft Punk - Get Lucky (tá bom. Você deu aquele esforço e agora sente o fôlego fugir e a perna pesar. Diminua o ritmo. O importante é seguir adiante. "We've come too far/ to give up who we are/ so let's raise the bar/ and our cups to the starts").



Kodaline - Brand New Day (ainda recuperando energia... E olhando para os lados, para as pessoas, pra sua jornada. Correr mexe com as ideias também. "I'll be flicking stones at your window/ I'll be waiting outside 'til you're ready to go/ Won't you come down? Come away with me". "Think of all the places we could be/ Think of all the people we could meet").



Peter, Bjorn and John - Second Chance (sou muito indie mesmo. Mas essa dá para retomar um pouco do brilho do começo. Contrarie a letra e diga pra você que você terá uma segunda chance. Cante o "uh-uh" e curta o tamborim. Tamborim? Ah, não é. É aquele troço que parecem duas sinetas e que você bate com baquetas).


Rage Against The Machine - Killing In The Name (tá, eu não sou essa coisa fofa toda, não. E eu quero tentar pegar um pouco mais forte. Tentar pelo menos. Essa música é de força. Não é de velocidade. Mas vamos lá... Força! Come on! "I won't do what you tell me! Fuck you, I won't do what you tell me". Vai crescendo nessa fúria interna).



The Vaccines - Blow It Up (cacilda, não sei terminar esta lista. Mas essa música me dá pique. Blow it up, blow it up. Já corri "dançando" na trilha do parque, curtindo os solos... O lance é que na sequência vem "Post Break-Up Sex" e eu continuo dançando e cantarolando. Isso deve ser bom. Desanuvia a mente, embora não afaste o cansaço).


The Black Keys - I Got Mine (resolvi terminar com Black Keys, a banda que mais ouvi em 2014, segundo o Spotify. Gosto demais dos moços, especialmente do Dan Auerbach, o vocalista e guitarrista - o outro cara da banda é o baterista. Escolhi essa música, mas o MP3 tem um monte de Black Keys. Esta canção tem uns piques, umas melodias mais viajandonas e aí volta a força da guitarra. Você termina a música querendo ter energia sobrando para mostrar que você pode mais. A letra tem aqui).



Meu MP3 tem muito mais música. Tem Radiohead, The Strokes, Queens of The Stone Age, Imagine Dragons, Joni Mitchell (provocando emoções na trilha), Jorge Drexler (lindo! "Tengo una canción para mostrarte"), Kevin Johansen, Lou Reed, Nina Simone, Oasis, Stereophonics (amo... Que voz, Kelly Jones. Flutuo nas suas baladas. "You're my Sunday. Make my Monday"), Temper Trap, Two Doors Cinema Club, Franz Ferdinand, The Subways, TV on The Radio, Vampire Weekend, Tulipa Ruiz, Gram (o velho Gram), Morrissey, k.d. Lang, Chemical Brothers, Asaf Avidan, Arcade Fire, Smashing Pumpkins, Moby, Manu Chao, Eddie Vedder, The Jam... putz, é uma verdadeira jam. Tem trilha de filme, música latina, japonesa. Até Chico Buarque tem no meu som. Tudo para eu poder ter variedade e, na hora, decidir que ritmo vou usar conforme o momento.




sábado, 22 de novembro de 2014

Eu podia estar correndo... mas estou falando de cozinha

Perdi a hora. Justo eu que gosto de acordar cedo. Mas tem dia que simplesmente não dá. Meu corpo já não responde tão bem aos meus anseios.

Daí que resolvi trocar a corrida que seria apressada por um café da manhã mais caprichado. Nessas, bati o olho em um livro que ganhei de aniversário (valeu, pessoal do GNT). Chama-se "Na Cozinha com Nigella". Curto ver programas de cozinha. Às vezes não é para aprender receita. Às vezes é só pra ver como os apresentadores preparam os alimentos, como se movimentam, o que falam, do que riem ou para dar uma olhada nos utensílios e na organização. Certas cozinhas são um luxo.

Página do livro "Na cozinha com Nigella"

Então, enquanto esquentava leite, abri o livro para fazer uma rápida checagem. Uma das primeiras fotos que vi foi uma tigela com tomate cereja. "Prefiro tomate normal", pensei. Sim, não é todo mundo que gosta de ser fino assim com ingredientes. Diante disso resolvi bolar minha lista de lições ou manias ligadas à vida na cozinha. Provavelmente não vai servir para ninguém. Mas tudo bem. Eu só estou querendo brincar um pouco...

Uma saladinha de tomate com abacate. Humm


* Tomate é bom. Aquele tomate que você compra no supermercado ou na feira, não importa qual dos 200 mil tipos. Quer dizer, tomate é bom se você gostar de tomate. Quando a gente não suporta um determinado alimento isso deveria ser respeitado. Nada, portanto, de falar assim "tenho certeza que você não provou da maneira certa". Não curto quando alguém tenta insistir em me fazer provar abacaxi, doce de abacaxi, variante de suco de abacaxi, assado com abacaxi.

* Retomando a história do tomate... No meu caso, está beleza uma salada com tomate e queijo, folhinhas de manjericão (alguém falou caprese?). Ou pode ser sem queijo (acho que está crescendo esse negócio de intolerância à lactose). Só com fatias finas de cebola e um bom azeite. Tomate cereja? Ok. Fica bonitinho. Mas o sabor do tomate grande, pra mim, é muito melhor. Troco tranquilamente o tomate cereja por um comum.

* Se você tolera cebola e quer colocar na salada, fatie bem fininho, em discos redondinhos e lave na água. Não sei se tira propriedades nutritivas, mas pelo menos a cebola não fica ardendo. Você quer saber se isso tira propriedades nutritivas? Bem, sugiro o Google.

* Da mesma forma, sugiro lavar a escarola depois que você a cortar bem fininha (como se fosse fazer a couve da feijoada) para fazer salada. Ela fica menos amarga. Lave e deixe escorrendo para a salada não ficar aquela coisa molhada. Não gosto de pegar folha pingando água. Ahn, lavar as tiras cortadas fininhas acaba com as propriedades nutritivas da escarola? Também não sei. O Google deve responder. Acho.

* Gosto de cozinhar sozinha. Nada contra companhias. Mas se eu tenho de fazer um monte de coisa, prefiro colocar meu som no ambiente (santo mp3) e ficar isolada. Penso melhor. Resolvo melhor os problemas. Sem falar que não preciso ficar com um olho na pessoa e outro na panela. A gente conversa depois na mesa. Outra vantagem (na minha opinião) de cozinhar sozinha é que você evita palpites. "Mas você não usa alho?!", "Não é pouca água?", "Ah, eu coloco mais pimenta. Sempre". 

* A Nigella recomenda que você não se desculpe ao servir porque às vezes ninguém nota se um prato não saiu exatamente do jeito que queria. Faz sentido. Às vezes pode ser uma bobagem. Mas também não acho justo tratar convidados como cobaias. Uma vez, para um jantar que fiz para amigos, resolvi preparar uma sobremesa que era para ter consistência de gelatina, porém, ficou parecendo aqueles doces árabes de goma. Contei aos amigos qual era minha intenção, uma delícia gelada qualquer, e mostrei o resultado para eles. Pedi para fingirem que era o tal doce árabe se resolvessem provar. Eles riram. Teve gente que comeu, apesar daquilo não ter gosto de nada. Que será que foi a gororoba que fiz? Não lembro que diabo de sobremesa era. Foi meu primeiro jantar feito para a turma e fora da casa da minha mãe. Teve até uma dose de sucesso. A comida estava boa. Perfeita, não. Mas boa. Minha mãe tinha passado lá e me ajudado com a carne. Eu não tinha experiência em organizar jantares. Se eu soubesse que o mais divertido é comer tranquilamente e ficar rindo com os amigos, teria feito coisas mais informais. E teria largado mão da sobremesa anotada de livro ou revista. Teria comprado logo sorvete em vez de insistir naquele troço! Então, ao cozinhar para amigos, a regra que vale para mim é: não experimente. Sirva aquilo que você sabe fazer com segurança. Experiência você faz antes, com as pessoas mais chegadas. Como o filho (se for adolescente ou mais velho. Poupe crianças), o marido, a irmã. Mãe? Cuidado. Mães podem ser um tanto duras se você resolver fazer justo a especialidade dela. Tô falando de mãe porque meu pai não sabe fazer um macarrão decente. Namorado (a)? Hummm. Se tem pouco tempo de namoro, não! Espere. Melhor dar mais tempo para a relação se fortalecer antes de colocá-lo (a) na condição de "cobaia". Se quiser fazer um jantar para ele - ou ela - antes disso, sugiro servir aquilo que você sabe fazer melhor. A imaginação é sua. 

* Adoro molhos. Mas detesto que a maioria pense que molho tem de ser carregado de pimenta. Não! Por favor, pense nas crianças. Quer dizer, pense em quem tem paladar de criança. Não é exatamente o meu caso (gosto de vinho, cerveja, fígado acebolado). Porém com pimenta eu sou fraca. Deve ser porque meus pais adoram uma pimenta. Minha mãe come malagueta como se fosse tomate! Daí, que ela deixava os molhos "quentes" e comentava: "tá fraquinho. Quase não sinto". E eu, pegando fogo, respondia: "eu sinto". Resultado: uso pouca pimenta. Se alguém quiser condimentar mais, aí vai ter de recorrer a molho tipo tabasco. O que, confesso, não tem muito em casa (assobiando).

*Se eu tivesse uma lista perene de ingredientes à mão, seria: sal - de preferência o marinho (como o que eu trouxe de Londres... ah, saudade) -, azeite espanhol, manjericão, orégano, alecrim, salsa, cebolinha, tomate, cebola, rúcula, alface, batata, pimentão, cenoura, ervilha, ovo, açúcar, pimenta do reino, queijo ralado, óleo de girassol, queijo, cogumelos, arroz, lentilha, atum em lata, molho de tomate e macarrão. Com isso na cozinha, posso ficar um ano, dois... Qual a sua a lista de ingredientes que deveriam estar sempre à mão?

* Se tem uma coisa que faz falta é um bom abridor de latas. Copo medidor é legal, mas não faz falta. Panela com teflon é legal, mas também não é essencial. Processador é dez, só que é outro item que você pode ficar sem e, ainda assim, sobreviver. Agora tente abrir uma lata de atum ou uma lata de creme de leite com uma faca...

* Ovo é um achado da natureza (se você gostar, claro). Mexido para o café da manhã, com gema mole para molhar o arroz, ou gema mais dura (pero no tanto) para comer no pão, com pouco tempo de fervura para você abrir a casquinha no alto e comer de colherinha... Ou batido 200 mil vezes para fazer o negócio render na frigideira... Com batatas finas, em rodelas (que viva España)... Mexido com cebola para colocar no macarrão tostado... Ops! Isso é receita boliviana. Quem vai entender?

* Falando em receita boliviana... todo mundo sabe fazer macarrão (ou seria melhor que todos soubessem), mas tem comida que só você sabe dentre seus amigos. Tudo bem, tudo bem. Outros podem saber fazer. Seria legal, no entanto, preparar algum prato de um jeito que seus amigos te apontem e digam para a turma inteira: "ovo frito tem de ser o do fulano". Claro, exagerei no exemplo (embora ovo frito também tenha seus estilos. O meu é com gema mole, sem quebrar aquele círculo amarelo cremoso e gostoso). É bacana ser expert num determinado preparo ou saber fazer um prato que poucos conhecem. Minha mãe certamente faz sopa de maní (amendoim) muito melhor do que eu. Mas nenhum dos meus amigos sabe fazer sopa de maní, que é um negócio delicioso (aprenda mais aqui, neste post que fiz 200 séculos atrás: "Minha primeira sopa de maní"). Eu também sei fazer salada de abacate (é quase como guacamole). Outros sabem também, visto que guacamole não é nenhum segredo de Fátima. Mas o costume de fazer essa salada está mais em mim do que nos meus amigos (na minha família, a gente come abacate com sal faz tempo. Na minha infância, lembro dos brasileiros estranharem esse costume latino. A preferência aqui sempre foi pelo açúcar). Então, explore a história da família e... pronto. Tenha um saber que é seu!

Livro que ganhei de aniversário. Vou me divertir muito com ele ;)

sábado, 25 de outubro de 2014

O jogo mais divertido do ano

Sábado 25 de outubro de 2014. Ademir da Guia em campo. No novo estádio do Palmeiras
Já vi muitas partidas. Estádios foram diversos, inclusive fora do Brasil. Neste 2014, colecionei ótimas histórias do futebol - afinal, foi ano da Copa. Mas hoje diverti-me como poucas vezes. Foi o dia de abrir as portas do novo estádio do Palmeiras para o velho esporte bretão. Quer dizer, o Allianz Parque recebeu os torcedores em outro momento, porém com bola rolando... a primeira vez foi neste sábado, 25. E como foi legal.

Allianz Parque em seu primeiro jogo: a partida de "despedida" de Ademir da Guia

E a torcida satisfeita de voltar para a casa. Uma bela casa
O jogo foi uma homenagem a Ademir da Guia, eterno camisa 10 da Academia. Antes de falar da partida, quero dizer que nunca fui atrás de nenhuma celebridade para puxar o saco. Só tem uma exceção e foi por causa do Divino. Isso ocorreu muitos anos atrás. Era uma partida de Copa exibida num evento descolado, cheio de globais e estrelas da música. Eu o vi num canto, sossegado. Mal acreditei que estava assim tão "esquecido" pelos demais. Daí, me aproximei sem jeito. Não sabia o que falar. Ele me viu e eu arranjei coragem para contar que o admirava e que ele tinha sido o primeiro jogador a chamar minha atenção. Eu era uma criança quando escolhi meu time. Conhecia poucos nomes, mas o dele, ah... esse eu tinha guardado bem. A história saiu assim, meio confusa, meio envergonhada. "Nunca faço isso. Desculpe se atrapalho. Mas eu só queria dizer isso". Ele respondeu que não tinha problema, sorriu e balbuciou um "obrigado". Éramos dois tímidos naquela hora.

Estádio está nos preparativos finais para receber seu primeiro jogo oficial. Há cadeiras ainda cobertas

A homenagem ao Divino e a "estreia" do futebol no Palmeiras ganharam espaço na TV - olha o helicóptero acompanhando a festa lá do alto 

Antes do São Marcos, não conseguia pensar em ídolo maior para o Palmeiras. Hoje, eles dividem a paixão palestrina. Isso se viu no jogo de homenagem ao Divino. Ou jogo de despedida, como batizaram. Ademir foi a grande estrela do dia. Ele recebeu mais uma placa por tudo que representou para o clube. Foi até chamado de "sir" pelo Paulo Nobre (presidente do Palmeiras). Achei bobo usar "sir" porque Ademir da Guia não precisa desse título de nobreza inglesa. Para quê? Para parecer chique? Não tem a ver essa escolha. A agremiação é italiana. O "sir" ficou deslocado. Fora que não combina com o nome. Não casa. Não combina. O "Divino" já é mais do que bom. Divino só tem ele. Sir tem um monte.

Marcão com o filho. Outro grande ídolo do clube

E um momento ternura

Mas vamos ao jogo. Ademir ficou no time branco, equipe que tinha também o Marcão, o Galeano, o Denilson. Quando o goleiro entrou no gramado, o público veio abaixo, gritando aquele conhecido canto que começa com palavrão e termina com "melhor goleiro do Brasil". Também estava na equipe outro ídolo do clube: Evair. "Eô-eô, Evair é um terror. Eô-eô, Evair é um terror", entoou a torcida. No time verde, entraram Cafu (aplaudidíssimo), Rivaldo e Cleber, entre outros. Que lindo rever a segurança que era Clebão na zaga... Ah, saudades.

Time Verde e Time Branco em campo. Gol do Palmeiras em qualquer situação

Os jogadores perfilados, prontos para o embate

São Marcos repetindo sua famosa cena, mas desta vez nas novas metas do Palmeiras

Os primeiros minutos foram só alegria. Ademir pegava na bola, o povo aplaudia. Ademir fazia um passe bonito, assobios. Mas aí veio o time verde, que era mais jovem, e voou uma bola em direção ao gol. Só que São Marcos pulou bem e salvou a bola. Salvou? Não salvou? Ora, seria gol do Palmeiras. Mas seria defesa do Palmeiras. Foi engraçado. A torcida pulou e vibrou do mesmo jeito. Adoram o Marcão. Começamos a rir.Num lance que teve uma bela assistência de Evair (ah, saudades), o juiz marcou pênalti contra a equipe verde. O povo se agitou. Quem bateria seria o Divino. Só podia. Ademir foi para a marca do cal. Sérgio, o goleiro do time verde, se preparou. A torcida pegou seus celulares para registrar o possível gol. E o camisa 10 bate. Na trave! Foi uma comoção. "Ah, que pena". Daí, veio um gaiato: "Invasão!"

Evair comemora a marcação do pênalti. Sérgio conversa com o time. Ademir segura a bola. E a torcida atenta

Ahahahahahahahah. Quem ouviu, deu risada e repetiu "Invasão". Seu juiz, volte a jogada. Mas a partida continuou. "Esse jogo é engraçado. Você torce a favor e contra", comentou mais um. E entre os choques de barrigas salientes (ah, a idade), as trombadas dos mais lentos e pesados em cima dos mais jovens, os dribles experientes dos mais velhos dando os lampejos do brilho do passado, entre tudo isso, teve mais um pênalti, porém a favor do time verde. Acho que nasceu de uma descida em alta velocidade do Cafu, cuja vitalidade foi percebida por todos. Diante disso, outro gaiato gritou: "Volta, Cafu. Eu tenho de aguentar o Wendel"... e os risos se sucederam.

O Cafu resolveu tirar a camisa que vestia e dá-la para o Ademir da Guia. Sim, porque levaram o Divino para a marca do pênalti. Ué, ele não é do time branco?! Não importava mais. O camisa 10 colocou a camisa verde por cima e foi lá bater. O Marcão se preparou e... gol!!! O estádio inteiro comemorou.

Ademir, de camisa verde (trocada com Cafu), bate. Marcão pula...
Goleiro de um lado, bola do outro...
Festa do camisa 10

Festa da torcida

- O primeiro gol do estádio tinha de ser assim. Tinha de ser do Ademir da Guia - bradou alguém atrás de mim. Fazia todo o sentido do mundo. O Palmeiras marcou, o Palmeiras tomou. Tudo bem. Era gol do Divino.

E a partida estava tão leve e tão cheia de alegria que, num ataque do time branco, deu bobeira num jogador. Acho que foi a falta de costume, tantos anos passados já. Ele virou para trás e lançou a bola... para o juiz. E o juiz... passou a bola para um outro atleta de branco. Tabelinha! Ahahahahahahaha. A torcida riu.

Ô, seu juiz, tá querendo jogar?! ;)

O jogo permitia arrancadas (dos mais jovens, claro). O jogo permitia embaixadinhas, como alguns dos veteranos fizeram. O jogo permitia reconhecer as habilidades de velhos astros - como a elegância de Ademir em campo. Em determinado momento, quando rolava o segundo tempo, um dos atletas fez falta no time verde. E um velho zagueiro, com a autoridade de seus cabelos brancos, sacou do bolso um cartão amarelo e o aplicou no faltoso. O juiz? Eu não sabia onde ele estava. Devia ter virado as costas, sei lá. Claro que a torcida gargalhou com aquele amarelo.

Jogo de belos passes, jogo de lances corridos, jogo de barriguinhas salientes, jogo de cabelos brancos, jogo de embaixadinhas, jogo de histórias, jogo diferente

A partida terminou 3 a 3. Um empate legal. Saímos tranquilamente, ainda rindo de alguns momentos. Sim, foi o jogo mais divertido do ano para mim. É bom assim, quando não tem a tensão de ganhar. Quer dizer, é bom sentir essa tensão e vê-la depois convertida em satisfação por uma vitória. Mas ali, naquela manhã de sábado, não se sabia o que era tensão. Só alegria. E que belo estádio!

Só alegria

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Todo ano tem de rolar Franz Ferdinand

Franz Ferdinand é certeiro pra mim: bom show. Sempre

Se eu não tivesse visto o show do Franz Ferdinand de 2014, certamente estaria arrependida. Os escoceses batem ponto no Brasil já tem sete anos. Perdi apenas a primeira apresentação. Não foi por falta de esforços. Era aquele show do U2 que tinha gente botando até o avô na fila de ingressos - que loucura foi aquilo.

Desde que me lembro, fui a primeira dos meus amigos mais chegados em música a falar do Franz Ferdinand. Eu apresentei a banda para minhas irmãs, parceiras de muitos shows e donas de gosto apurado para a música (a família aqui é exigente). Acho que os fãs do FF são muito fãs. Adoram o som. Quem não conhece bem não me parece muito disposto a se aprofundar na música que eles fazem. Diria que estão perdendo boas oportunidades de cantar, dançar e ver uma banda se apresentando com consistência, energia e entusiasmo que contagia (tá soando como rima... perdão).

O show de ontem (é, terça-feira) no Espaço das Américas foi legal. O que eu mais gostei deles até agora foi o feito na The Week. Foi o show em que o Alex Kapranos dizia "quebra-tudo" e o guitarrista Nick McCarthy saiu andando pelas paredes (mais ou menos isso, ahahahah). Não viu?! Ah, que pena. Foi ótimo. Naquela vez eles quebraram mesmo.

Agora, sinto que eles já são de casa. Uma crítica diz que o público já não adere tanto porque deixou de ser novidade, embora o show da atual temporada esteja divulgando o álbum Right Thoughts, Right Words, Right Action, do ano passado, mas que não ficou muito conhecido. É. Novidade não é mais. E a casa não lotou. Afinal, são três anos consecutivos dos Franz Ferdinands no Brasil (Lollapalooza foi dez, por exemplo). Mas sei lá. Deve ter sido preço dos ingressos. Quem entende os caras sabe que vai ter música boa. E agito.

Definitivamente, não faltou agito ontem. Público cantou junto, dançou, vibrou, fez tudo que rola numa boa noite de música. Eu capturei em vídeo apenas um momento do show, quando os escoceses tocaram "Ulysses". Já registrei outras canções com os caras no palco, em outros anos. Achei que não precisava mais. O pessoal saca quem são os FF. Só que na hora pensei que iria gostar de ter meus amigos mais chegados ali comigo. A gente ia pular, cantar, interagir com o Alex Kapranos (que lembra meu irmão caçula, Allan).

E ia sair do show ainda cantando "This Fire", o hit que fechou a noite, na maior alegria. Ficar ali, entoando nas ruas, a caminho do carro "This fire is out of control/ I'm gonna burn this city" é muuuuuuuuuuito bom. Então, o vídeo é pra fingir que a gente estava junto na hora, celebrando um bom show.

Franz Ferdinand, a gente se vê em 2015, hein. Temos nosso #encontromarcado.
Bjs, Alex. Bjs, turma. Obrigada e #quebratudo.



Para quem saber o setlist, tem aqui: http://www.setlist.fm/setlist/franz-ferdinand/2014/espaco-das-americas-sao-paulo-brazil-3cf651f.html



segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Quem corre 10, corre 15. Quem corre 15, corre meia

Tem gente que diz não ver prazer nenhum na corrida. Não poderia responder que basta insistir para encontrar. Nesses meus dois anos de trilhas e ruas, percebi que isso não é algo que você deva tentar explicar como se fosse uma verdade universal. Prefiro compartilhar minha experiência para que as pessoas tirem suas conclusões. Conto que há dias em que iniciar a atividade é realmente um tremendo esforço. Às vezes o problema está na cabeça. E esse assunto merece um capítulo à parte (que deixo para depois). Outras vezes o problema está no corpo. Sem falar de condições físicas específicas - machucados ou gripe, por exemplo -, nem sempre o organismo parece responder ao exercício. Pelo contrário, ele fica contestando logo nas primeiras passadas: "para que correr? Estava tão bom ficar quietinho". Nessas ocasiões, acontece o seguinte comigo: é após três quilômetros que vem a plena aceitação. Em geral, é quando sinto que o organismo captou a mensagem de que o exercício é pra valer. E fica tudo em paz. Eu, corpo, mente.

Pelo menos, é assim que funciona comigo. Se a pessoa, depois de tentar algumas vezes, não se sente feliz ou satisfeita seja correndo ou terminando o treino, então, creio que a atividade não seja a mais apropriada. Escrevi "terminar o treino" porque normalmente a gente estabelece metas e é legal superá-las. Bater marcas pessoais é um dos prazeres da atividade. Sim, tem a endorfina (hormônio do prazer e do bem-estar) liberada pelo exercício, mas é ótimo ver que você atingiu o resultado. Ou que ele foi melhor do que o esperado. Exultei quando conclui minha primeira volta sem parar no Parque da Luz, meu local rotineiro de treinos. E isso era bem pouco. Mas nos primeiros dias eu não conseguia cumprir o trajeto sem ter de fazer uma pausa. O interessante é que os corredores sempre te estimulam a ir além. Inclusive aqueles que não te conhecem direito. Ouvi várias vezes comentários como "quem corre 10k, corre 15k". No começo, essas frases me pareciam forçadas. Eu sabia como me custou chegar primeiro a 5k, depois 10k, depois 16k (dez milhas). Foi tudo muito suado. Mas com a prática percebi: os comentários fazem sentido. Claro, para chegar lá é preciso disciplina. É importante também reconhecer o tamanho do passo. Há aqueles que vivem dizendo que é bom sonhar grande. Sonhar pode ser legal, só que não é suficiente. Quem corre 15k, tem de treinar um bocado para correr uma meia maratona na boa, exceto se você for queniano (piadinha). É o que senti na pele.

Um dos prazeres da corrida envolve a superação de metas. A endorfina liberada pela atividade é legal, mas é ótimo quando se bate uma marca pessoal, ainda que, para os mais experientes, não seja algo para o "livro dos recordes"

Desde que comecei a correr pensei que seria o máximo fazer uma meia maratona. Confesso que um dia pensei em maratona, mas conclui que o desafio é demasiado para mim. Sou uma corredora muito mediana. Para chegar nesse estágio, tenho uma estrada longa para percorrer. Não sei se estou disposta a tanto. Não tenho planos de ser super atleta.

Mas a meia maratona era um desejo que julgava estar ao meu alcance. Minha primeira prova nessa distância (21k) veio de repente. Recebi um convite da Mizuno para correr uma meia maratona, no Jockey, em maio. Fiquei na dúvida por alguns dias. Sabia que não estava preparada para isso. Imaginei, porém, que, com três semanas de treinamento (o tempo que restava), poderia fazer algo. A ideia, por si, era temerária. Tinha consciência que o tamanho do passo não condizia com meu condicionamento. Três semanas? Só vinha correndo duas vezes por semana: sábado e domingo. Nada mais. Mil coisas vinham me atrapalhando. E corria sem qualquer foco mais audacioso. Era só colocar o tênis e correr. Porém quis arriscar. O convite me seduziu.

A cara de "seja o que Deus quiser". Assim fui para minha 1ª meia maratona 
Decidi aceitar, dentro do espírito "vou correr até onde der". Na sequência, veio outro convite para correr mais uma meia. No Rio, em julho. Achei que até lá eu poderia treinar legal e fazer algo decente. A prova de maio seria mais teste. Foi desse jeito que projetei. O problema é que, após aceitar o desafio da Mizuno, não treinei como devia. Aumentei um pouco os treinos. No entanto, era preciso mais para encarar a distância. Não deu tempo para mais nada. Do jeito que estava, não ia conseguir correr os 21k na boa. Aliás, não daria para fazer uma São Silvestre (15 km) decente, com o nível de exercícios praticados no período. Resolvi insistir na linha "seja o que Deus quiser". Queria testar minha resistência, meu fôlego. Apostei no "devagar se vai longe".

Foi uma furada. Fiz uma péssima prova. Meu ritmo era lento. No km 15 comecei a ter cãibras. Tive de parar na hora e até achei que não conseguiria dar um passo a mais. Uma pessoa do apoio veio em minha direção. Precisava de ajuda? "Não. Só vou me recuperar um pouco", respondi, tentando, no fundo, me convencer. Voltei a correr em passo de tartaruga. As cãibras retornaram. Era algo violento. Via minha musculatura tremer. Na hora, comecei a amargar uma decepção. Sabia porque aquilo estava ocorrendo. Era a falta de preparo. Tinha apostado que iria até onde desse, mas o corpo respondeu que não tem disso não. Sem condições físicas, não rola.

Estreia sem preparo, sem satisfação, sem energia, sem pernas

Terminei minha primeira meia num misto de frustração e temor. Os 21k seriam sempre tão duros? Aquele dia foi um balde de água fria. A corrida foi bonita e tal. Bem montada. Estava um domingo bacana. Levei a medalha para casa porque, afinal, cruzei a linha de chegada. Chegar foi importante? É, foi. As cãibras não me impediram de concluir a prova. Mas mais importante foi a lição. Em junho, viajei e continuei treinando, tentando ser mais regular. Só que não adiantava mentir para mim. Assumi que não estava apta para a meia do Rio em julho e cancelei minha participação.


Dura lição aprendida nos 21k da Mizuno: é preciso treinar decentemente para obter resultados sem sofrimento

Nos sites e blogs de corrida que visito, poucas vezes vi narrativas sobre o fracasso (agora não lembro de nenhum caso). Parece que tudo dá sempre certo para todo mundo. Pois eu fracassei na minha estreia na meia. Não foi fácil admitir que estava muito longe dos 21k. Quer dizer, sabia que vinha correndo de modo irregular. Não adiantava tentar me enganar na base do "vamos-que-vamos". A partir dessa experiência, tomei a decisão de treinar decentemente. Para isso, eu precisava de orientação séria. Não adiantava mais correr "por mim". Eu, que sempre li sites e blogs sobre corridas desde o início da prática, que sempre colhi informações com corredores mais experientes, que jamais me arrisquei com os exercícios (em dois anos, nenhuma dor ou lesão), percebi que, se permanecesse onde estava, não teria evolução.

Outro motivo me fez amadurecer essa ideia. Tinha mais duas provas para disputar. Uma de 10k. E mais uma meia maratona, um convite que recebi dias antes do início das férias. Por tudo isso, entrei para um grupo de corrida. Escolhi um ligado ao Palmeiras. Essa assessoria esportiva faz treinos em três lugares: Parque da Água Branca, Ibirapuera e USP. Já estava nas férias quando comecei (16 de agosto). Optei por uma imersão na atividade e fui correr nos três lugares, sob orientação do professor. Treinei bem. Quero dizer, fiz os exercícios da melhor maneira que pude e procurei não faltar. Os 10k eu sabia que não seriam complicados. Meu objetivo era não sofrer na meia, como tinha acontecido em maio. Porque não daria nem um mês de treinamentos entre meu início no grupo e o dia da prova.

Treino do senhor Miyagi. Dá para esquecer dessas cenas?
Uma amiga me pediu para que contasse depois se vale a pena entrar em grupo de corrida. Para mim, tem sido bacana. Porque fiz exercícios diferentes para fortalecer a musculatura. Em alguns momentos, lembrava do Daniel-San em Karatê Kid, com o senhor Miyagi mandando que ele pintasse cercas, que polisse carros. Corri de costas, subi e desci escadas uma porção de vezes, treinei na areia, fiz polichinelos, agachamento, flexões e abdominais, treinos intervalados, marcha soldado (brincadeira minha). A subida e descida de escadas é um exercício tão constante que, quando vejo uma, já entro no clima de treino. Engraçado: acho que tenho talento para isso. Mas correr de costas... ah, nisso sou ruim.

Para quem já corre bem há tempos talvez entrar para um grupo de corrida e ter treinamento com professor não seja lá essas coisas. Eu estou sentindo melhoras. E ainda me divirto com as pessoas.

Nesse curto tempo de treinos com orientação, fiz uma prova de 10k, a Lótus. Bonita a corrida, clima bom, só mulheres. Largada tumultuada porque o espaço era pequeno e o número de inscritas, enorme. Então, foi aquele fuzuê. Tudo bem. No começo, nem dava para correr de verdade. Depois, o trajeto ficou mais tranquilo. Quando cheguei ao quilômetro 6 eu estava tão bem, mas tão bem que comecei a cantar a música que rolava no MP3. Era o argentino Kevin Johansen (vídeo mais abaixo). Cantei, acelerei, cantei, abri os braços (um pouquinho), senti a brisa, aproveitei a sombra, acelerei mais um pouquinho. Não foi o meu quilômetro mais rápido (tinha sido o anterior), porém me sentia livre como um passarinho.

Nos 10k da Lótus, prova para mulheres. Não foi o meu melhor tempo na distância, mas mantive uma boa regularidade no ritmo. Foi a primeira prova depois de ter começado a treinar em um grupo de corrida


Aqui a canção do Kevin Johansen que me fez voar: "No digas quizás". E abaixo o link do vídeo oficial, que não consigo fazer subir aqui :(
https://www.youtube.com/watch?v=2d_NPRWMctY


Completei a Lótus tranquilamente. Não fiz meu melhor tempo numa prova de 10k, mas mantive uma boa regularidade no ritmo, sem grandes alterações no pace. Até então, minha melhor marca estava no centro histórico de São Paulo. Numa corrida que fiz sem maiores pretensões. Naquele dia, no inverno de 2012, terminada a prova, encontrei um corredor na fila de um estande para personalizar uma camiseta. Conversamos o tempo da fila. Era um cara comum no cotidiano, que trabalhava de noite como porteiro. Mas que se dedicava ao atletismo no fim de semana. Quando tinha prova, ele se inscrevia, na tentativa de chegar aos primeiros lugares e ganhar algum prêmio. Tinha ocasiões em que ia "virado" para a prova, sem ter dormido nada. Sim, era isso mesmo. Naquela prova do centro histórico, ele tinha saído do trabalho direto para a corrida e chegou em quarto lugar na disputa dos 5k. Tinha feito o percurso em 17 minutos. O terceiro colocado fechara em pouco mais de 15. Eu arregalei os olhos na época. "Como alguém consegue correr assim?", pensava comigo. O sujeito perguntou sobre minha performance. Um pouco envergonhada, disse que tinha feito 1h02 nos dez. E contei que tinha começado a correr naquele ano. O porteiro-corredor me olhou com simpatia: "está bom. É seu primeiro ano. Agora, seu próximo passo é correr abaixo de uma hora". Disse aquilo como quem fala "vamos comprar sorvete na esquina". Naquele dia, pensei que não me custaria muito correr 10k abaixo de uma hora. Algumas corridinhas a mais e pronto.

Mais uma vez, revelo aqui meu fracasso. Não tinha conseguido reduzir. Porque, com o passar dos meses, deixei de correr com a regularidade do primeiro semestre de 2012. Naquele ano, fiz minha primeira São Silvestre, foi lindo e tudo. Mas o ritmo tinha diminuído um pouco no segundo semestre. Em 2013, treinos e corridas caíram pela metade em comparação aos resultados do ano anterior. E até este primeiro semestre eu devo ter corrido um terço do que fiz no mesmo período em 2012. Ou seja, minha prática estava um fiasco.

Mais segura com os treinos orientados. Consegui, afinal, melhorar minha marca nos 10k
Fazendo os treinos com orientação, esperava alguma melhora. Não atinava quando. Na semana anterior à disputa da meia e uma semana depois da Lótus, voltei a correr 10k, mas no Parque da Luz. Corri sem me preocupar com o relógio. Minha meta era apenas baixar o tempo da Lótus. No primeiro momento, pensei em reduzir três minutos. Achei que era muita pretensão. Então, estabeleci mentalmente que tentaria baixar dois minutos. Botei meu som e corri entre as árvores do Jardim da Luz, sem prestar atenção em nada além da trilha. Em algumas voltas, acelerei mais porque temia não cumprir minha meta. Quando fechei minha disputa pessoal, olhei para o relógio. Fiquei surpresa. Quem diria? Tinha feito os 10k em 58 minutos. Para muita gente, isso pode parecer ficha. Mas eu levei dois anos para correr abaixo de uma hora. Não foi simples para mim. Agora já poderia encontrar o sujeito lá da fila e contar que consegui.

E, enfim, falo da minha segunda meia maratona neste post do tamanho de 21k. Treinei, descansei, preparei-me mentalmente. No domingo, dia da prova e da independência, acordei às 4h40 para tomar café (eu não consigo comer e correr. Preciso de um intervalo de duas horas, caso contrário tenho ânsias). Cheguei à USP, local da W21k, prova da Asics só para mulheres, perto das 6h30. A largada estava marcada para as 7h. O local estava bacana, a temperatura fria. O termômetro registrava 11 graus. Suspeitei que, ao término da prova, a variação seria de dez graus, atingindo 21, o que torna o esforço bem cansativo (a temperatura se confirmou). Ok, não estava com medo. Nos meus planos, eu tinha de correr os primeiros 10k com tranquilidade, sem forçar, para poder fazer 15k sem sofrer (na vez anterior, foi quando tive as cãibras). Depois... seria o que Deus quisesse (piadinha). Bem, o espírito não era como o da primeira vez. Tenho mais segurança desde que comecei a treinar com orientação.

Balões coloridos na largada da W21k, meia maratona da Asics só para mulheres. Na USP

A largada da W21k teve festa e balões. Mulherada é sempre animada. A prova esteve muito bem organizada. Água, Gatorade, gel para dar energia, banheiro químico no meio do trajeto (só tinha visto isso na São Silvestre) e até protetor solar lá pelo km 18. Enquanto corria, eu me divertia. As placas de trânsito me fazem rir. Tirei uma foto delas. Já as placas de incentivo colocadas no caminho chegavam a me irritar. Algumas estavam em inglês. Não gosto de mantras tolos que, dependendo da construção, mais te diminuem do que te estimulam. O prazer da corrida não está em palavrinhas mágicas. Está em ver, por exemplo, uma senhora mais velha do que eu (e com alguns quilos a mais) correndo com regularidade, sem diminuir o ritmo. Eu a admirei por um bom tempo e fazia questão de ficar perto dela. Primeiro porque assim eu controlava minha corrida. Segundo porque estabelecia uma competição saudável. Às vezes, eu a ultrapassava. Mas aí eu pegava água e ela emparelhava (detalhe fundamental: eu procuro cestos de lixo e jogo nas plantas a água que sobra antes de me livrar do copo. Porque não curto atirar nada na rua, nem copo, nem saquinho de Gatorade ou gel. Prefiro carregar essas tranqueiras e me desviar do percurso para encontrar uma lixeira e fazer o descarte). Ficamos nessa, uma acompanhando a outra, por um tempo. Aí, pegamos uma ponte por volta do km 7 e eu a deixei para trás. Gosto de subidas e rendi bem nessa parte. Não a encontrei depois. Mas queria ter agradecido a essa senhora a estimulante companhia do início da prova.

Diversão na corrida: respeite seu limite de velocidade. É bom quando você consegue dar risada no meio da prova. Se consegue cantar (ainda que só para você, baixinho) também é legal

Meu plano de corrida foi cumprido até o km 15. Continuei correndo, mas em ritmo mais lento. Dali em diante precisei recuperar o fôlego por alguns momentos. Aproveitava uns segundos para beber água e refrescar o corpo, molhando os pulsos e a nuca. Senti um pouco o cansaço. Andei em alguns trechos já no finzinho, sobretudo quando havia sombra. A prova se encerrava na pista de atletismo da Cepeusp. Quando cheguei na USP e coloquei meus pés lá nessa pista, antes das 7h, tive a sensação de que andava sobre nuvens. Na hora em que adentrei a pista, faltando poucos metros para a meia terminar, não tive essa impressão. As nuvens tinham sumido? Não, era só a energia que faltava para me dar a leveza necessária. Acelerei na reta final. Queria diminuir o tempo da primeira meia maratona para a segunda o máximo que desse. Fui 20 minutos mais rápida.

Meia maratona finalizada sem sofrimento. Cansei, sim, mas não tive dores. Para quem tem menos de um mês treinando com orientação, considero um bom resultado

Agora com cara de dever cumprido. E com o restinho de filtro solar que foi distribuído pelo km 18 da prova. Só depois é que reparei que o rosto estava todo branco ;)

É, tenho um bom caminho ainda a percorrer. Posso melhorar. Não é uma promessa. Sinto de verdade que posso melhorar. Tenho essa confiança. Nessas idas e vindas da corrida, nesses dois anos, aprendi muito. Uma das lições mais valiosas é que cada passo vale. Sim, vale. Se posso dar uma dica, que seja esta: mesmo que você esteja sentindo cansaço, dê um passo. Se não consegue voar como gostaria, então, dê um passo. E outro. E outro. Voar é bom, sem dúvida. Mas não desistir e confiar que você vai completar a prova é importante. Por isso, a menos que tenha sofrido uma lesão ou um mal repentino, complete, nem que seja passo a passo. Esse "passo a passo" pode ser aplicado não apenas para uma corrida, mas como parte de um processo para atingir desafios maiores. Assim, aos poucos, mas com empenho, você diminui a distância entre seu sonho e a realidade.

Objetivo: diminuir distâncias entre o que desejo e o que consigo fazer. E sem deixar de curtir a trilha