terça-feira, 14 de novembro de 2023

Ó, vocês

Se os bancos falassem... Foto - Splash News (reprodução)

Descobri o homem pra mim. Ok, é uma piada. Mas podia ser verdade. Li uma matéria no Guardian sobre Keanu Reeves e, bem, é ele o homem da primeira frase.

Tinha uma curiosidade sobre certos acontecimentos que se diziam reais a respeito dele. Era um quadro de dor e tristeza que achava que podia ser tudo invenção. Como assim ele teve um filho que nasceu morto? Como assim a mãe do seu filho morreu de acidente pouco depois? Como assim a irmã dele teve uma doença grave (um câncer)?

Era um monte de "como assim".

Até que vi essa matéria do Guardian ("Keanu Reeves: 'Grief and loss, those things don't ever go away'"). Sim, tem dor e tristeza na vida dele. A namorada engravidou e tiveram uma filha, Ava. Quer dizer, ela nasceu morta. Dois anos depois a namorada morreu num acidente de carro. Sobre a irmã, ainda não sei.

Lia as palavras dele, lia as histórias narradas pela jornalista. E dizia comigo: é o homem pra mim. É do jeito que gosto. Meio outsider. Meio solitário (sem se queixar disso. Ótimo). Eu curto outsider? Não é bem isso. Mas vou tentar explicar citando uma história do Dave Grohl (vocalista e criador do Foo Fighters, caso alguém não saiba #blasfemia). Ele conta que, no tempo em que era do Nirvana e o grupo era convidado para um monte de festa, ele costumava dar uma geral no lugar antes de tentar se aproximar de uma garota. Sabe o cara que encosta num canto e faz um giro com o olhar para ver quem são as pessoas da festa? Esse cara era o Dave Grohl.

Depois da "análise", ele ia atrás da garota mais largada, mais abandonada, da que parecia bêbada, louca, rejeitada. Por que? Porque ele gostava da ideia de encontrar uma mulher legal e ajudá-la a sair da bad vibe. Parece um "tadinha. Tá sozinha. Vou lá". O que soa bem ruim. Mas ele achava que podia ajudar alguma garota bacana que ainda não tinha sido reconhecida como tal. E as mais lindas? Bom, na época do Nirvana, o Dave era um tanto esquisito. Dentuço, magrelo e desengonçado. Ao menos eu achava (hoje, não. Hoje tá perfeito). Além disso, a banda tinha o Kurt Cobain, bonito, geniozinho e com ar de quem precisa de ajuda. Que mulher ia resistir a isso e escolher o Dave quando tinha o Kurt por perto (até eu que prefiro mil vezes os morenos aos loiros)?

Dave disse que fez isso repetidas vezes. Entrava na festa, olhava, encontrava alguma alma perdida. Ia até lá e pronto. Tinha companhia. Até que um dia ele era o cara mais largado, abandonado, bêbado, louco e rejeitado da festa. E veio uma mulher e fez com Dave o mesmo que ele tinha feito com as almas perdidas. Ela o resgatou e, anos depois, se casaram.

Por que falei disso? Não é pra revelar que eu vou atrás dos mais largados, abandonados, bêbados, loucos, rejeitados da festa. Não. Não tenho essa vocação. Mas, sei lá, acho que entendo o Dave Grohl. Se vejo um sujeito mais quieto, meio solitário, que é reservado, isso atiça muito minha curiosidade.

Vestiu uma bota velha e desgastada sem ligar para isso? Humm, o cara que não se prende muito a padrões. Deve ser uma figura interessante. É isso. Dá vontade de acreditar numa fantasia e burilar e encontrar o diamante, sem chamar muito a atenção alheia.

Eu sei. É fantasia.


Este texto eu escrevi em 19 de maio de 2019. E publico agora do jeito que está. O Google me avisou que perderia o blog caso não o reativasse com uma conta Google, o que tratei de fazer.
Mas quem vai ler isto? Só eu mesmo.