terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Prepare-se para a São Silvestre de 2014

A São Silvestre de 2013 me trouxe bons momentos. Não me preparei como devia, e isso eu já contei no post anterior. Então, fui para a luta no espírito "correr e me divertir". Não ia fazer tempo mesmo. Não poderia correr abaixo de 6 minutos por quilômetro. Aliás, fiz bem o oposto. Pensei em me manter nos 7 minutos para tentar correr sem parar: 15 km de batidão. No ano passado eu não fiz isso. Por um erro de cálculo.

E na São Silvestre 2013? Vamos à prova.

1. Cheguei em cima da hora. Peguei metrô e coloquei o chip no tênis na estação mesmo. Fixei o meu número no peito e subi. Claro, já havia uma multidão. Então, nem deu para fazer um alongamento decente. Fui para perto do Masp. Fiquei numa área meio apertada, com dois grupos carregando faixas. Eu não conseguia ler de onde eram. Mas tudo bem. O locutor da prova ficou lendo diversos cartazes. Acho que levou uns 25 minutos para a gente começar a andar na Paulista. Realmente, era um mundo de gente (recorde de inscritos).

Largada. Nem adianta imaginar que você largará às 9h. Bote uns 20 minutos de espera até chegar à linha


2. Na largada, um corintiano chamado Mário quis me pagar R$ 1,50 por um minutinho de ligação para a mulher. "É em São Paulo?", perguntei. "São Paulo, sim". Era a segunda vez que corria - e pelo visto a primeira tinha sido há muito tempo porque ele tirou umas dúvidas comigo que até estranhei. Emprestei meu celular, mas não aceitei o dinheiro. Dali, ele me pergunta, sabendo que eu tinha corrido no ano anterior: "Dá para correr na largada?" Respondi o óbvio: não. "Quando dá para correr?". Disse que achava que a partir da Pacaembu dava para ensaiar um ritmo mais forte. "Tem muita gente", expliquei. Mário estava com um grupo divertido. Na hora do futebol (sempre tem essa hora), eles gritaram o nome da Lusa algumas vezes. Quando o locutor começou a citar os clubes e falou "Fluminense", muitos vaiaram. A massa não perdoa. E veio lá, no aquecimento, o comentário mais divertido: "Vou contratar o advogado do Fluminense e aí eu viro campeão da São Silvestre".

Descida em direção ao estádio do Pacaembu. Um bolo de gente. Na foto, tem até uma área mais livre. Mas não dá para disparar


3. São Pedro foi camarada e mandou umas nuvens pro céu no começo da prova. Mas o mormaço e o sol vieram detonar nossa energia. Corri no meu ritmo na Pacaembu, embora tenha dosado a velocidade. Senti que eu podia render mais. Mas lembrei do longo percurso e resolvi economizar. Descemos a avenida e com 3 km eu botei o boné na cabeça. Não dava para aguentar mais o sol. No km 4 veio o primeiro posto de água - só na avenida Paulista deu para encontrar água gelada; todas as demais vezes era temperatura ambiente. Eu tinha esquecido que no final da Pacaembu, quando a gente pega uma rua para virar em direção ao Memorial e assim cruzar a avenida, tem uma subidinha considerável. Primeiro desgaste forte. No km 5, joguei água no boné. Nas costas eu já tinha jogado. A temperatura corporal tinha subido bastante. Peguei a primeira ponte, aquela ao lado do Memorial.

A ponte perto do Memorial. Não é muito longa


4. A primeira ponte foi tranquila. Tinha gente andando e tive vontade de perguntar para essas pessoas se elas sabiam desse obstáculo. Acho impressionante que o mapa da organização, dado no kit do corredor, não tivesse essas informações. Havia sinalizações de "fácil", "médio", "difícil", mas não tinha nada do tipo "viaduto", "pirambeira" (piadinha). Chegar na Marquês de São Vicente foi piece of cake. Bico. Já a Rudge veio esquentando. Joguei mais água no corpo. E aí eu vi a ponte. Quase ri. Estava lá escrito: 8 km. Eu tinha calculado que ela estava por volta disso mesmo (vide o post anterior - clique aqui). Sou muito inteligente (piadinha). A ponte da Rudge custou. Ela nem é tão longa, mas exige força. Ela acaba, você suspira de alívio, mas vem mais uma subidinha.

Já a ponte da Rudge: ufa!


5. A essa altura você já viu os tipos mais variados. O cara que corre com a placa "Nunca completo uma corrida". A família unida: mulher, marido e criança no carrinho. Os sujeitos vestidos de metralha com um amigo vestido de policial, armado de cassetete, correndo atrás deles. O homem fantasiado de noiva. A mulher bancando a batgirl, toda coberta de preto (calor!). Perto da biblioteca Mário de Andrade fica a turma do Corinthians. Vi um torcedor do Palmeiras correndo com a bandeira e um senhor carregando uma réplica da Jules Rimet. No centro, reencontrei a Emília. No ano anterior, eu a vi exatamente no Ipiranga. Mesmo lugar. Incrível. É um cara que faz a festa do pessoal. Nas ruas, o povo grita "Emília, Emília". E ele acena. Até que corre razoavelmente bem, mesmo com toda aquela maquiagem, peruca e fantasia. Também no centro, levei um cutucão. Não tinha ouvido um cara avisar para abrir espaço para o cadeirante. Fiquei com vergonha. Pedi desculpas. E assim passou por mim um sujeito com ar de boliviano empurrando a cadeira de um homem jovem. Ao lado, vinham outros voluntários, acho que para revezar. De fato, na Brigadeiro mudou a pessoa que empurrava a cadeira. Falando em boliviano, no Viaduto do Chá avistei a barraquinha da Bolívia. Em 2012, eu passei perto deles e gritei "Viva Bolívia". Eles ficaram felizes. Então, fui até lá e corri a lateral inteira e gritei três vezes "Viva Bolívia". Eles ficaram muito entusiasmados. Naquele momento, eu corria forte. Eles acenaram com as bandeiras, repetiram o grito, aplaudiram e eu os deixei ainda fazendo festa. Deu-me orgulho.

6. Orgulho tive também por não ter jogado nenhuma garrafa, nenhum saquinho no meio da rua. Não. Eu carrego as garrafinhas e as jogo no lixo. Acho importante esse zelo. O pessoal jogar na lateral da rua, eu faço cara feia, mas ainda tolero. Se o corredor atira no meio do caminho, seja a tampinha da garrafa ou o saquinho de Gatorade, aí não aceito. É falta de respeito com o colega. No local onde pude pegar um saquinho de Gatorade (no centro) muita gente largou no meio da rua o saco ainda com líquido. Ficou aquela coisa grudenta no chão (se vejo uma mulher fazendo isso, fico ainda mais brava. Tenho a impressão de que mulheres são mais cuidadosas nesse aspecto, mas pelo visto devo mudar minha percepção). Sem falar no risco de acidente. Pisei numa garrafinha que quase me fez escorregar.

7. No km 11, oh-oh... Tive de ir a um banheiro químico. Impressionante. Já corri diversas provas de 10 km e nunca fiquei apertada. No ano passado, tive de passar no banheiro. Nesta São Silvestre também. O detalhe é que havia uma fila. Vi morrer toda a vantagem que eu estava construindo. Ok, nem era assim uma vantagem. Tudo bem. Aceitei o fato. Foi nessa hora que me atrapalhei e, em vez de retomar a corrida pelo Nike Running, eu pausei o sistema. Ah, que inteligência. Como eu corro também com o Nike Sportband (que conta minha corrida devido ao chip, instalado no tênis, ao qual o "relógio" está conectado), pude registrar minha prova direito. Faço esse esquema porque receio perder o GPS (no Nike Running).

8. Tirando essa parada, não interrompi minha corrida. Foi tudo na força das pernas, às vezes com ritmo mais intenso, às vezes com ritmo bem lento. Na Brigadeiro, por exemplo, em alguns momentos meu pace era tão modesto que mais um pouco virava caminhada (risos). Mas não desisti. Eu queria correr a Brigadeiro inteira. Eu corri. Uma hora eu olhei bem pra cima e senti que a coisa era loooonga. São dois quilômetros. Eu pensava: "faz de conta que eu tenho de dar uma volta e meia no Parque da Luz". Sei. Era uma volta e meia em subida!

9. Joguei muita água em mim na Brigadeiro. Pulsos, cabeça, costas, rosto. Eu tinha de baixar a temperatura. Eu me sentia uma caldeirinha. Mas faltava pouco. Era nisso que eu pensava. Ao vislumbrar a Paulista, deu emoção. Se não me concentrasse, chorava. Meti na cabeça que agora era hora de acelerar. Bem, uma coisa era a vontade. Outra era a energia. Acelerei um pouco, mas só quando comecei a ver o pórtico da chegada corri mesmo. Peguei o que sobrava e queimei tudo. No ano anterior, acelerei tanto que meu pace estava em 4. Desta vez, não rolou pegar esse ritmo.

A chegada: menos veloz do que no ano anterior, mas plenamente satisfeita. Corri toda a Brigadeiro. Eu a superei!


10. Ainda que tenha corrido o tempo inteiro (tirando os minutos na fila do banheiro), essa minha prova me custou quatro minutos a mais do que a do ano passado. Isso porque em 2012 eu estava mais preparada. Disputei mais corridas, treinei mais, corri distâncias maiores, peguei estradas, subidas, chuva, calor, areia, frio. Este ano eu não fui aquelas coisas. Tive diversos problemas pessoais.

Medalha bonita e merecida


O desejo para 2014 é disputar mais uma São Silvestre. Será a 90ª edição. Eu quero fazer parte dessa história. Não tenho ideia hoje de como irei me preparar. Mas tenho um ano inteiro pela frente para me planejar. Espero ter mais gente ao meu lado. Gente conhecida, quero dizer. Seria bacana ter amigos ao lado. Não necessariamente para correr o tempo inteiro grudado. É importante dar liberdade às pessoas - os ritmos são diferentes. Se der para correr junto, bacana. Gostaria dessa companhia porque a São Silvestre é a melhor corrida do Brasil. Porque é uma festa. Porque as pessoas - os competidores ou o público - celebram cada passo que você dá. Porque as pessoas estão juntas, independentemente de ter dinheiro, status, profissão, carreira, nome. Você é um corredor. E você faz parte do todo.

Já pensando na 90ª edição da São Silvestre


Feliz 2014!

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