quarta-feira, 3 de julho de 2013

Quando os dias são difíceis



Foto - Lena Castellón
Subterrâneos da Quinta da Regaleira (Sintra). Fotos: Lena Castellón


Não adianta insistir muito.
Forçar sentimentos.
Parecer legal.
Melhor é assumir nossa dificuldade. Há dias que você sente como se não devesse vivê-los.
Deveriam simplesmente se desvanecer no calendário.
Na folhinha eles sumiriam. Você olharia para o papel e veria o espaço vazio.
Você teria a certeza, então, do sentimento. Não se questionaria tanto. Apenas saberia: este é um daqueles dias. Desassossego.
Talvez fosse mais fácil encarar seu espírito. Não ficar brigando tanto com suas entranhas, seus meandros cerebrais, suas veias.
Mas a vida não permite isso, o espaço vazio. O calendário está lá. E as horas transcorrem.
A existência, numa situação dessas, é como o ar dentro de um saco de papel. O saco se mantém de pé. O ar está lá, sem que ninguém perceba. Não se desespere, porém.
Se o dia está difícil, o melhor é andar.
Não falar. Escutar. Ou até silenciar. Mover-se por ação da gravidade, quiçá.
Também respirar. Observar. Respeitar-se.
Não se impor nada que não exista. Sim, é verdade: não forçar.
Não se magoar. Não se torturar. E se ninguém te entender... para quê? Às vezes não é isso que importa. Há momentos em que você não busca o entendimento dos outros. Você quer apenas ficar recolhido.
Se for assim, recolha-se.
O dia passará.
Até lá, bote uma música.
E ande...


Foto - Lena Castellón
Você pode concordar em partes. Pode discordar totalmente. Mas andar é importante. Eu sei.






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