sábado, 5 de janeiro de 2013

E para 2013?

Corri. Consegui. Cumpri minha meta. E agora? (Isto eu escrevi logo no dia seguinte à prova, 1º de janeiro. Mas só posto neste minuto porque não tive tempo para vir aqui).

Vamos à narrativa do que foi a São Silvestre para mim. Antes, lembro da morte do cadeirante na prova, uma notícia que entristeceu quem participou da prova e também quem nem acompanhou a corrida de casa. É algo que realmente abalou esta edição e que deve chamar atenção para a categoria nos próximos anos. O que fazer? Não sei.

Bom, a prova tinha uma simbologia muito forte para mim – e isso ficou claro nos posts anteriores. Por isso, acordei com uma expectativa acima do normal diante da perspectiva de uma prova. Programei o celular para tocar às 5h40. Cedo assim, ainda que a largada estivesse programada para às 9h. Acordei nesse horário porque tinha lido que era preciso tomar um café da manhã normal (condizente com meus hábitos) três horas antes da corrida. Ou seja, tinha de fazer o desjejum às 6h. Um café com leite e pão com manteiga. Mais um suco de uva.

Eu e meu Nike rosa na Paulista, esperando tudo começar

Parti de metrô, o que foi muito bom (adoro morar perto de uma estação; facilita a vida). Encontrei alguns corredores nos vagões e captei olhares curiosos sobre nós. Cheguei na avenida Paulista, na saída da estação Trianon Masp, e saquei de imediato: o clima da São Silvestre é ótimo. Vai além de ser uma corrida. Na minha visão, ela é uma competição para os atletas de elite. E para quem está fazendo uma disputa pessoal (meu caso, por exemplo). Para a multidão que larga depois o estilo é mais de festa. Não que os corredores não levem a prova com seriedade. Eu levei muito. Mas é tanta gente brincando e festejando que tudo isso se mistura. Então, você tem gente correndo “de verdade” e tem gente se divertindo com fantasias e mensagens. E às vezes acontece de os dois “personagens” se misturarem. Na Pacaembu, por exemplo, corri atrás de quatro caras vestidos de Chaves e Quico. E eles estavam correndo mesmo, apesar de a roupa não ser apropriada.

Para muita gente, a São Silvestre é festa. E, para alguns, é festa com fantasia

Cheguei por volta das 8h20 e me instalei num canto esperando a largada. Vi o pessoal se preparando, com corridinhas e alongamentos. Gente trocando informações sobre corridas praticadas em outros lugares (tipo o Rio). E o desfile de fantasias também estava forte. Fora as bandeiras e camisas de clube. Eu me arrependi de não ter vestido a camisa do Palmeiras Run, que deixei de lado apenas porque a camiseta da São Silvestre é branca e eu pensei que seria melhor correr com roupa clara.

Houve atraso para a largada, o que me aborreceu um pouco. Se é para sair de manhã e aproveitar a faixa horária da maioria das provas, então que a largada fosse programada para as às 8h. Com o atraso e mais a demora para cruzar a linha, minha corrida começou às 9h35 e eu já fiquei pensando que pegaria um horário de calor. Não tinha como.

Tocaram a música do Vangelis que, desde Carruagens de Fogo, virou tema de corrida. Eu, de fato, senti uma emoção crescer no peito quando surgiram os primeiros acordes. Depois que a música estava na centésima execução, me deu bode. Tudo bem. Eu iria esperar para botar meu som já que estava interessada em ouvir o “locutor” narrando a largada.

Eu sentei na calçada mesmo, à espera da largada. Muitos fizeram o mesmo

E largamos. Eu lembrava da orientação de poupar energia no início porque iríamos precisar de energia no último terço da corrida (isto é, depois dos 10 km). Então, desci a Pacaembu com uma velocidade alta, mas refreei o impulso e controlei meu ritmo. Não temia cair. Mas eu não tinha ideia, naquela hora, que um cadeirante tinha perdido o controle e se chocado contra um muro no estádio (ele faleceu em consequência do acidente quando a largada da multidão nem tinha sido dada). Soube da morte do paratleta apenas depois da prova, na minha casa.

Quando estava saindo da Paulista em direção à Doutor Arnaldo, vi um palmeirense carregando uma bandeira que ainda não estava desfraldada. Tentei alcança-lo, mas a orientação de poupar energia foi mais forte. Instantes depois, ele desfraldou a bandeira e ela ficou tremulando no meio da massa. Parecia um soldado partindo para a linha de frente do combate, conduzindo o estandarte para incentivar a tropa. Eu me senti incentivada, de verdade, embora soubesse que havia poucos palmeirenses ali (o locutor fez essa checagem). 

O dia amanheceu bom para a São Silvestre. Temperatura amena. O iPhone indicou 21 graus, mas depois, no centro, o calor pegou bem

No fim da descida do Pacaembu, encontrei outro palmeirense. Tinha a bandeira do clube às costas, carregada como se fosse uma capa. O homem, um senhor de mais idade, estava mais devagar, sentindo o efeito da descida (devia ser uns 3 km). Um cara deu um tapinha nas costas dele, mas para tirar sarro. Foi o que me impulsionou. Passei por ele e gritei “Palmeiras, minha vida é você”. Só dei dois “gritos” na corrida. Nessa hora e no Viaduto do Chá, quando encontrei uma barraca onde se lia “Viva Bolívia”. Isso já era perto do km 12.

De modo geral, acho que fiz uma boa prova, dentro do meu condicionamento físico e de acordo com meus treinamentos. Acho que posso render mais. Preciso de mais orientação especializada. Isso está certo. Fiz 12 km correndo direto. Aí, tive de parar por um motivo inusitado nessas minhas histórias de corrida: fui ao banheiro porque fiquei apertada. Isso comprometeu o resto. Perdi o foco e o ritmo. Tudo bem. A ideia era terminar a prova e sentir a festa.

Minutos antes da largada. Sair de onde me encontrava levou um bom tempo. Calculo meia hora


Na Brigadeiro, comecei correndo e estava indo bem. Daí, temi não ter forças para correr bem na Paulista. E eu queria correr bem na Paulista. No meio dessa parte do trajeto, optei por andar para poupar energia. Olhando agora, foi um erro. Eu tive energia e entrei correndo bem no trecho final. Peguei um forte impulso na reta e “cruzei a linha” ouvindo aplausos. Foi bem legal. De verdade. Chorei. Era a conclusão da meta. Estava feliz e sensível.

Pontos negativos desta edição da São Silvestre (minha primeira): o atraso da largada, o perigo da descida da Pacaembu (a morte do cadeirante chama atenção para isso. Não tenho propostas porque acho legal a passagem pelo Pacaembu), a água não estava gelada (questão de logística, imagino, em virtude da grande quantidade de participantes: 25 mil, segundo a organização), ter um posto vazio com abastecimento de Gatorade (passei por um que estava desmontado; o segundo estava funcionando), não ter sido informada de que haveria tais postos do Gatorade, lanche pós-corrida (com toblerone e outras coisas secas; prefiro banana e maçã), inscrição cara (R$ 120).

Pontos positivos: clima de festa, trajeto que inclui pontos famosos da cidade, torcida apoiando o tempo todo, boa distribuição de postos de abastecimento de água, posto de Gatorade, largada e chegada na Paulista, proximidade do metrô, tradição.

Minha corrida: boa, apesar da quebra do ritmo depois do km 12. Poderia ter feito mais. Meu tempo foi de 1h58 e minha colocação foi de 2.829. Se não tivesse parado para ir ao banheiro e se tivesse corrido toda a Brigadeiro, certamente teria uma melhor posição. Mas tudo bem. Afinal, são 25 mil corredores na prova.

Minha colocação não foi grande coisa, mas, como dizem, eu corri com 25 mil corredores. Dá para ficar contente. Foto de Marcelo Ferrell/ Gazeta Press


Próximos passos


Assim que concluí a São Silvestre, senti que 2012 tinha terminado. Não tinha mais meta para cumprir. Atingira praticamente tudo o que tinha me proposto para o ano (exceto uma delas, que estabeleci com um asterisco, o de saber que talvez o objetivo não fosse cumprido. Não porque eu não quisesse cumprir, mas porque isso independe da minha simples vontade).

Terminei minha prova. E agora? Fiquei pensando um pouco sobre planos para 2013. Não os estabeleci de verdade. Já falei que gostaria de correr uma meia maratona. Creio que vai ser por aí meu caminho neste ano. Ao buscar meu kit de prova, recebi informações sobre a meia de São Paulo, em março, a maratona de São Paulo (que tem a modalidade 25 km), em abril, e a meia do Rio, em agosto.

Nesse caso, acho que vou entrar num grupo de corrida para contar com o auxílio de um especialista. Não vou estabelecer exatamente como uma meta, mas será um projeto que vou acalentar em 2013. Terei até agosto para saber se consigo colocar o plano em ação. Meu feeling diz que vou conseguir.

Eu não tenho maiores metas para este ano que se inicia. Manter a atividade física poderia ser uma. Porém entendo que ela já está dentro do meu dia a dia (que bom). Incorporar o ciclismo, sim, pode ser um objetivo interessante. Só que antes preciso de uma boa bicicleta. Emagrecer? Ah, talvez sim. Talvez não. Não me preocupo neste momento. Escrever algo diferente? Aí sim. Acho que isso eu posso fazer. Se vai ser interessante, ah, isso são outros quinhentos.

De resto, para este ano desejo que as pessoas sejam mais tranquilas e pacientes. E que aceitem mais as diferenças. Feliz 2013.

Foram dez provas em 2012. Nunca estabeleci esse número, mas calhou de acontecer. Minha décima conquista foi essa aí: a da São Silvestre. Ela tem um quê especial. Obrigada a todos que me apoiaram (mesmo sem saber)

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